Vendo “luz no fim do túnel”, UBS reduz projeção de queda para o PIB do Brasil em 2020 de 7,5% para 5,5%

Efeitos das medidas de auxílio à população mais pobre e recuperação da China são apontados como fatores para revisão; para 2021, previsão é de alta de 3%

Lara Rizério

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Em relatório chamado “Brasil: uma luz no fim do túnel”, o banco suíço UBS reduziu a projeção de queda para a economia brasileira em 2020, passando de previsão de baixa de 7,5% para de 5,5%.

Conforme apontam os economistas Tony Volpon e Fabio Ramos, uma série de fatores levou a essa revisão. Em primeiro lugar, eles apontam que as medidas de auxílio à população mais carente (ou o conhecido “coronavoucher”) estão sendo efetivas para dar suporte às famílias.

De acordo com os economistas, a diferença entre salários e crédito versus consumo refletiu também o  lado de restrições por parte da oferta, mas essa disparidade vem diminuindo, o que deve levar a uma recuperação do consumo.

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Outro ponto ressaltado é a recuperação forte da economia da China, a primeira a passar por maiores restrições por conta da pandemia. Vale ressaltar que foi divulgado na noite da véspera o dado do PIB do segundo trimestre do gigante asiático, com alta de 3,2% na comparação anual, após o tombo histórico dos primeiros três meses do ano (-6,8%).

Isso deve se refletir no Brasil através de preços mais altos de commodities, maiores exportações líquidas e, eventualmente, uma moeda mais forte após a expressiva queda do real no primeiro semestre (veja mais clicando aqui).

Outro ponto é a forte queda da taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, a 2,25% ao ano, o que é uma importante contribuição para a continuidade da flexibilização das condições financeiras.

Os economistas ainda destacam que a incerteza diminuiu após a forte alta em meio ao pico da pandemia do coronavírus e deve seguir em trajetória de melhora por conta de um ambiente político menos polarizado e uma agenda de reformas renovada.

Contudo, apontam Ramos e Volpon, a incerteza diminuiu, mas ela deve continuar elevada. Além disso, a deterioração do mercado de trabalho e os baixos níveis de investimentos devem restringir uma melhora mais sustentável da economia à medida que o pior da pandemia passar, avaliam.

Também no radar, eles apontam o debate em andamento sobre a extensão dos programas de auxílio emergencial e uma possível consolidação dos gastos sociais no programa Renda Brasil. “Os resultados destes debates serão vitais para as perspectivas de crescimento”, avaliam, uma vez que o Congresso deve ser capaz de “compensar” os déficits de curto prazo mais altos com reformas destinadas à consolidação fiscal de médio e longo prazo.

Para 2021, os economistas preveem um crescimento de 3%, o que ainda deixaria o PIB em 97,6% do observado ao final de 2019.

“Um maior viés de alta poderia se materializar com uma agenda de reformas renovada aumentando a a confiança na trajetória fiscal de médio / longo prazo, mantendo os juros baixos e impulsionando investimentos em setores como o de saneamento. O risco de queda ocorreria com maiores danos ao mercado de trabalho e baixos níveis persistentes de investimentos”, avaliam.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.