Vendas de imóveis novos caem até 58% em SP entre fevereiro e abril, mostra estudo

A plataforma imobiliária digital AoCubo fez o levantamento com 90 incorporadoras na cidade de São Paulo

Giovanna Sutto

Ilustração

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SÃO PAULO – Em um ano atípico, considerando a pandemia de coronavírus, as vendas de imóveis novos que custam até R$ 400 mil caíram 37% em São Paulo de fevereiro a abril deste ano, segundo um levantamento feito com 90 incorporadoras do estado pela plataforma imobiliária digital Ao Cubo.

Considerando imóveis novos de mais de R$ 400 mil, a queda nas vendas nesse mesmo período mencionado foi ainda maior: 58%.

Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, o mercado estimava um crescimento exponencial neste ano, por causa da queda das taxas de juros do crédito imobiliário e, principalmente, da Taxa Selic, que aquece a procura por empreendimentos quando está em baixa.

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“A movimentação de compra e venda em qualquer setor caiu em uma porcentagem considerável durante a quarentena. Entre estes setores, um dos mais afetados parece ser o mercado imobiliário. Apesar de todos esperarem um ano mais aquecido no segmento, o crescimento estimado se tornou impraticável por força do coronavírus”, explica Ronnie Sang, fundador e CEO do AoCubo.

Segundo Sang, as incorporadoras tinham um volume grande de lançamentos planejados para o período pós-Carnaval – mas a pandemia fez os planos serem colocados no “modo espera”. “Apesar das quedas e dessa quebra de expectativa, as transações estão acontecendo, o mercado não parou. A crise gera oportunidade e estamos confiantes que o mercado reaja de forma rápida quando a quarentena efetivamente acabar”, pondera.

Thais Cancian, cofundadora e COO do AoCubo, explica que o estudo vinha em linha com o que estava sendo observado pela empresa. “Imóveis mais caros tiveram uma queda maior, enquanto os de ticket mais baixo apresentaram uma redução menor nas vendas”, diz.

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Imóveis novos para aluguel

O estudo também analisa as vendas de imóveis considerado “perfis de investidores”, aqueles com até 70 metros quadrados, independentemente de valores. Para essa amostra, a queda nas vendas entre fevereiro e abril foi de 48%.

Cancian acredita que, se por um lado a tendência é que as pessoas fiquem mais em casa e procurem ambientes maiores para viver, por outro, o poder de compra delas pode não crescer o suficiente para que elas efetivem essa compra. “Imóveis menores ainda terão espaço no mercado, porque o preço do metro quadrado não deve diminuir”, diz.

Retomada

Segundo a executiva, a retomada do setor de imóveis novos deve começar a partir do início do segundo semestre. “Em agosto, vamos retomar para patamares muito próximos do cenário pré-pandemia. A pessoa que perdeu o emprego não vai conseguir comprar, naturalmente, mas as pessoas que mantiveram o trabalho não vão abrir mão do sonho da casa própria. Além disso, as incorporadoras, embora não estejam diminuindo o preço, estão flexibilizando bastante as condições”, diz Cancian.

Sang diz que, como o mercado não paralisou por completo, essa retomada pode acontecer de forma mais rápida do que o esperado. “O mercado continua funcionando. Por isso, esperamos que a retomada não seja tão demorada. O volume de transação é baixo, mas existe e o déficit habitacional no Brasil ainda é grande. Por isso, nossa expectativa com a recuperação é positiva”, diz o CEO.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.