Trajetória de dívida pública no tempo está melhor do que os ruídos de curto prazo mostram, diz Campos Neto

Presidente do BC defende que não foi só o efeito inflacionário que melhorou a trajetória dívida/PIB do Brasil

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – A trajetória da dívida pública no tempo é bem melhor do que apontam os ruídos políticos de curto prazo, disse Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, nesta terça-feira (24). “Os números estão hoje melhores do que as expectativas que o mercado tinha antes da pandemia”, afirmou o chairman.

O economista participou do painel “Perspectivas e desafios da economia e da política monetária no Brasil”, pela Expert XP 2021. Assista os destaques pelo vídeo acima.

De acordo com Campos Neto, a percepção que o mercado tem de que projetos como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios e a reforma tributária teriam como objetivo aumentar o valor do benefício do Bolsa Família acabaram prejudicando o desempenho de Bolsa, dólar e juros futuros, mas que isso não significa existir uma piora, de fato, no quadro fiscal.

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Neto lembra que antes da pandemia de coronavírus as perspectivas dos agentes de mercado eram de que a relação dívida pública dividida pelo Produto Interno Bruto (PIB) chegasse a 81,5% ou 81,7% em 2022. Depois do Covid-19 começar a impactar a economia, essas projeções subiram para 100%, porém hoje, depois de tudo o que ocorreu, a relação está próxima de 82%.

“Temos um quadro de dívida bruta melhor ao longo do tempo, mas o ruído existe e impacta o mercado quando saem as notícias no tempo real”, avalia. O presidente do BC também defendeu que a parte fiscal não melhorou somente por conta do efeito inflacionário, mostrando um gráfico que atribui ao deflator 5,46% dos 13,7% de diferença existentes entre a projeção do Focus para dívida/PIB em novembro de 2020 e a projeção em agosto de 2021.

Campos Neto destacou ainda que o controle de expectativas é a variável mais importante no combate à inflação e assegurou: “o Banco Central persegue a meta no horizonte relevante”.

Para ele, é importante ressaltar que o BC usa os dados que têm disponíveis no momento, e quando começou a fazer uma alta parcial de juros os economistas, segundo as projeções compiladas no Relatório Focus, ainda esperavam uma inflação na meta.

O economista acredita que a inflação ficará menos pressionada no futuro, pois a migração de consumo de serviços para consumo de bens que aconteceu durante os períodos de mais rígido controle de mobilidade deve ser revertida a partir de agora e os preços de serviços são menos elásticos do que os de mercadorias.

Pix e Open Finance

Sobre a ferramenta de transferências bancárias instantâneas PIX, Campos Neto afirmou que não esperava que fosse se tornar tão amplamente utilizada em tão pouco tempo. “Ao contrário do que era utilizado, não foi só um efeito de substituição da TED e da DOC, houve realmente um aumento nas transações digitais. Vendedores ambulantes já usam PIX”, ressaltou.

O presidente do BC adiantou que a autoridade monetária está em conexão com representantes da Itália e da Inglaterra para criar o PIX internacional e apontou que essa digitalização vai no caminho da monetização e maior eficiência de dados propostas pela iniciativa open finance.

Neto revelou até ter entrado com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para criar o open health, no qual as pessoas teriam acesso a comparação de planos de saúde por meio de seus dados.

“Esperamos que todas essas inovações se encontrem lá na frente. O open finance no Brasil vai ser um dos mais amplos que existem”, concluiu.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.