Tipo de vacina pode determinar rapidez para fim de pandemia

Imunizantes de RNA mensageiro desenvolvidos pela Moderna ou Pfizer-BioNTech mostram maior eficácia para impedir o contágio

Bloomberg

(Pixabay)

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Com centenas de milhões de pessoas agora vacinadas contra a Covid-19, o surto de coronavírus deve começar a desaparecer em lugares onde grande parte da população foi imunizada. Mas isso não acontece em todos os países.

Dois caminhos começam a surgir: em países como Israel, novos casos de Covid têm diminuído com o avanço da vacinação, enquanto em outros lugares como as Ilhas Seychelles – onde a maior parte da população foi totalmente imunizada do que qualquer outra nação – as infecções continuam a aumentar ou até bater recordes.

Uma razão para isso podem ser os diferentes tipos de vacina usados. Dados coletados com base na expansão da vacinação global indicam que os imunizantes de RNA mensageiro (mRNA) desenvolvidos pela Moderna ou Pfizer-BioNTech mostram maior eficácia para impedir o contágio, ajudando a reduzir a transmissão progressiva, um benefício extra inesperado, visto que a primeira onda de vacinas contra a Covid tinha como objetivo impedir que as pessoas ficassem muito doentes.

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Outras vacinas, embora eficazes na prevenção de casos graves ou morte por Covid-19, parecem não oferecer esse benefício adicional no mesmo grau.

“Esta será uma tendência crescente à medida que os países começarem a perceber que algumas vacinas são melhores do que outras”, disse Nikolai Petrovsky, professor da Faculdade de Medicina e Saúde Pública da Universidade Flinders, no sul da Austrália. Embora o uso de qualquer vacina “ainda seja melhor do que nada”, disse, algumas “podem ter pouco benefício na prevenção da propagação, mesmo que reduzam o risco de morte ou doença grave”.

Estudos com milhões de pessoas vacinadas em Israel com o imunizante da Pfizer-BioNTech mostram que as doses de mRNA preveniram mais de 90% das infecções assintomáticas – pessoas que contraem o vírus, mas não apresentam sintomas. Isso é importante, disse Raina MacIntyre, epidemiologista da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney, porque a capacidade de uma vacina de prevenir a infecção assintomática “é o determinante da possibilidade ou não de imunidade coletiva”.

A chamada imunidade de rebanho é geralmente alcançada quando o vírus não consegue mais encontrar nenhum hospedeiro vulnerável para continuar se espalhando.

As vacinas usadas por um país podem, portanto, afetar tudo, desde a política sobre o uso de máscaras e distanciamento social até a suspensão de restrições de fronteiras e revitalização das economias, devido à influência que a contagem diária de casos tem nas decisões dos governos. Para os indivíduos, pode determinar em quanto tempo recuperarão a liberdade da pré-pandemia.

As diferenças em eficácia já levam à preferência por marcas em países onde mais de uma vacina está disponível. Nas Filipinas, postos de saúde foram instruídos a não anunciar quais vacinas estão sendo aplicadas, depois que uma multidão apareceu em um centro na esperança de conseguir acesso ao imunizante da Pfizer.

Sem máscaras

Nos Estados Unidos, quase 40% da população foi totalmente imunizada, principalmente com vacinas de mRNA, e o número de novos casos diários caiu em mais de 85% nos últimos quatro meses. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças disseram neste mês que pessoas totalmente vacinadas podem se reunir sem máscaras ou distanciamento social.

As vacinas de mRNA precisam ser armazenadas em temperaturas ultracongeladas, o que limita sua acessibilidade a países com infraestrutura de transporte e armazenamento precária.

Essa é uma razão pela qual a maioria dos países, no entanto, depende de outras vacinas, como as de vetor de adenovírus da AstraZeneca ou de fabricantes chinesas como Sinopharm e Sinovac Biotech, que usam uma forma inativada do vírus. Esses tipos de vacina mais tradicionais mostraram taxas de eficácia entre 50% e 80% na prevenção da Covid sintomática em ensaios clínicos, em comparação com mais de 90% para as de mRNA. Há poucos dados sobre a capacidade de prevenir a transmissão progressiva, mas surgem sinais de que pode ser muito mais baixa.

No Chile, o ritmo mais rápido de vacinação principalmente com a vacina da Sinovac não impediu que o número de novos casos diários quase dobrasse em meados de abril em relação ao mês anterior, apesar de o país administrar doses suficientes para cobrir 30% da população. Autoridades tiveram que reintroduzir restrições em todo o país no final de março.

O presidente das Seychelles, Wavel Ramkalawan, disse que a transmissão aumentou no país depois que a campanha de vacinação levou as pessoas a baixarem a guarda.

O CEO da Sinovac, Yin Weidong, disse que o aumento dos casos no Chile se deve ao fato de o país ter priorizado os idosos no início da vacinação. “É normal que o país veja um ressurgimento das infecções à medida que aumentam as atividades sociais entre os jovens, que não estão vacinados em sua maioria”, disse em entrevista de 11 de maio.

O que parece claro é que todas as vacinas aprovadas reduzem a incidência de pessoas gravemente doentes ou que morrem por Covid-19, o objetivo principal de uma vacina. Isso reduz a pressão sobre hospitais e recursos médicos. A maioria dos novos pacientes de Covid nas Seychelles, por exemplo, apresenta apenas sintomas leves, de acordo com o presidente do país.

Observação: os dados para as vacinas da Pfizer e Sinovac têm como base estudos do mundo real em Israel e no Chile, respectivamente, enquanto os da AstraZeneca são de ensaios clínicos.

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