Tendência é que recuperação do emprego perca força nos próximo meses, dizem analistas

Parte da queda do desemprego em outubro no País foi atribuída à redução da população economicamente ativa

Roberto de Lira

Fila em busca de emprego no Rio de Janeiro (Mario Tama/Getty Images)

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Apesar de nova queda na taxa de desemprego, de 8,7% no trimestre móvel encerrado em setembro para 8,3% em outubro (conforme divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE), analistas e relatórios projetam que essa recuperação do emprego no Brasil deve perder força nos próximos meses, especialmente a partir de 2023. O motivo é o esfriamento da atividade aguardado para o ano que vem.

Para a XP Investimentos, o emprego já mostrado menos vigor nos últimos meses, na esteira da desaceleração da atividade doméstica. “A PEA (população economicamente ativa) recuou 0,6% na passagem de setembro para outubro, chegando a 108,2 milhões, o que explica a queda marginal da taxa de desemprego”, diz relatório.

Ainda assim, esse indicador está 0,8% acima do período imediatamente anterior à crise do covid-19 e 0,5% acima da marca de dezembro de 2021.

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Outro ponto destacado foi que a soma das categorias de empregos informais caiu 0,7% em outubro, a segunda leitura negativa consecutiva após uma sequência de seis ganhos mensais. Enquanto isso, o emprego formal total registrou alta de 0,2% em outubro, após expansão a um ritmo médio de 0,8% em janeiro a junho, que cedeu a 0,5% de julho a setembro.

A XP também destacou que o rendimento médio real habitual subiu 1,1% em outubro ante setembro, o sexto ganho consecutivo. “Mercado de trabalho apertado e alívio da inflação de curto prazo explicam, em grande medida, a recuperação da renda real do trabalho. O indicador está atualmente cerca de 3% abaixo dos níveis observados antes da pandemia, mas cerca de 6% acima do patamar de dezembro de 2021”, diz o relatório.

A expectativa da XP é de que o rendimento real do trabalho permaneça em trajetória ascendente até o segundo trimestre de 2023.

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O Itaú também chamou a atenção em relatório que a queda do desemprego foi impulsionada pelo recuo da taxa de participação (para 62,5% de 62,9%, com ajuste sazonal), apesar da queda do emprego (-0,4% na variação mensal com ajuste sazonal).

“Apesar da queda da taxa de desemprego, há sinais de desaceleração no mercado de trabalho, com o ritmo de crescimento do emprego formal desacelerando enquanto o segmento informal contraiu pelo quarto mês consecutivo. Olhando à frente, mantemos nossa expectativa de que o emprego continuará desacelerando nos próximos meses, à medida em que a atividade econômica perde o fôlego”, prevê o banco

Já o Goldman Sachs comentou que a melhoria de janeiro a outubro de 2022 no mercado de trabalho foi mais ampla e profunda do que o inicialmente previsto, mas que essa tendência de fortalecimento diminua nos próximos trimestres, dada a expectativa de crescimento abaixo da tendência tanto no quarto trimestre do ano como em 2023.

“A taxa de desemprego também pode ser impactada se o número ainda considerável de trabalhadores desanimados fora da força de trabalho, de 4,2 milhões”, afirmou relatório do banco de investimentos.

Esse contingente que representa 3,8% da força de trabalho ativa deve começar a procurar emprego e retornar assim à força de trabalho ativa. “Apesar do recente fortalecimento do mercado de trabalho, cerca de um quinto da força de trabalho ativa total permanece subutilizada. Isso inclui aqueles atualmente desempregados, mas procurando emprego ativamente, apenas parcialmente desempregados, ou muito desanimado para procurar um emprego.”