Stuhlberger sobre Trump: “Pior coisa é presidente que se acha grande economista”

Gestor da Verde Asset, no entanto, destacou que, apesar do equívoco no tarifaço, os indicadores econômicos dos EUA estão melhores do que o esperado

Victória Anhesini

Luis Stuhlberger (Foto: Germano Lüders)
Luis Stuhlberger (Foto: Germano Lüders)

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Luis Stuhlberger voltou a criticar a postura de interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a economia americana, em especial a imposição de tarifas no mundo. Segundo o gestor da Verde Asset, há um “economês” nas decisões de Trump que enxerga o tarifaço como um dos maiores êxitos de sua gestão, apesar de, historicamente, essa estratégia não ter se mostrado eficaz.

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“Tarifas nunca deram certo na história econômica do mundo, não é agora que vão dar. Você tira a vocação natural dos países de ser competitivo no que eles são melhores”, disse o gestor em evento promovido pelo UBS Wealth Management nesta terça-feira (25), em São Paulo. “Uma das piores coisas que pode acontecer é um presidente que se acha grande economista”, falou.

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Após aplicar tarifa total de 50% em diversos produtos brasileiros no final de julho, o governo americano retirou, na última semana, sobretaxa de 40% de mais de 200 produtos. A medida foi tomada após negociações com o Brasil e outros países afetados, que também foram beneficiados em bloco.

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Eleições de meio de mandato serão desafio

Stuhlerger pontuou que Trump começou seu segundo mandato com a sensação de “missão inacabada”, sendo duro especificamente na economia e na balança comercial, assim como na imigração. Mas, ponderou, mesmo com o tarifaço, pouco mudou na prática. “A economia está indo bem, a inflação americana está sendo muito menor do que se imaginava, não só a realizada até hoje, mas em todas as previsões de inflação”, destacou. “A vantagem dos EUA é que, aqui no Brasil, o mercado de inflação implícita opera sempre com um prêmio muito grande em cima do Focus”, explicou.

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Na avaliação do gestor, o maior desafio de Trump será político. “A popularidade dele está ruim em todas as métricas, pior que a dele mesmo no primeiro mandato, pior que a média dos republicanos. E ele tem um tremendo problema nas midterm elections (eleições de meio de mandato, previstas para o ano que vem)”, disse. “E é que, se ele perder uma das casas (o que é provável), ele vai ter uma segunda metade de governo muito mais fraca que a primeira”.

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Dólar fraco – por enquanto

Sobre o câmbio, Stuhlberger vê o enfraquecimento recente do dólar como um fenômeno temporário e aponta o Federal Reserve como fator central nas próximas movimentações. “Claro, a grande questão vai ser o Fed. O mercado já estava muito mais pessimista com esse assunto e acha hoje que ou ele vai escolher alguém [para a presidência do Fed] razoável, ou quem estiver naquela cadeira vai manter certa coerência”, disse.

O gestor também comentou a mudança na postura externa dos EUA: “Os Estados Unidos estão indo contra seus aliados tradicionais. Mas no final, virou business as usual. O mundo é pragmático. O que interessa é o comércio, o que interessa é levar a vida econômica em bons termos”.