Só plano com responsabilidade fiscal e reformas garante expansão, diz Campos Neto

Presidente do BC afirmou que as reformas iniciadas no governo Temer tiveram influência na oferta, como se vê claramente na mão de obra

Equipe InfoMoney

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que vê uma “situação mais complexa” daqui para frente e alertou para a necessidade de reformas ao redor do globo. Segundo ele, é a primeira vez na história que se tem uma produtividade global tão baixa e poucas reformas. Esse cenário é visto, em especial, em países emergentes, mas o Brasil é exceção, conforme Campos Neto.

“Faltaram reformas. Os governos ficaram acomodados. O mundo precisa de reformas, principalmente, os países emergentes. O Brasil é exceção e fez bastante reformas”, avaliou ele, durante evento do Lide – Grupo de Líderes Empresariais, nesta terça-feira (15), em Nova York.

Campos Neto afirmou que as reformas iniciadas no governo de Michel Temer tiveram influência na oferta, como se vê claramente na mão de obra. Para ele, o momento atual é “muito importante”. “Há mudança muito grande de vários paradigmas na economia mundial”, disse.

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De acordo com o presidente do BC, a pandemia deixou “cicatrizes grandes”, com a invasão da Rússia na Ucrânia gerando grande problema de inflação em energia e alimentos, mas é preciso mostrar compromisso com o fiscal. Durante a covid-19, foi feito o maior programa de incentivos no mundo, no valor de US$ 9 trilhões, equivalente a 10% da economia global, de US$ 80 trilhões.

Outro efeito da pandemia foi o salto nos preços dos bens, que ainda não voltou, enquanto o setor de serviços teve sua atividade bastante impactada, mas começa a voltar. “Temos pouca capacidade de adaptar a oferta à demanda. A inflação será mais volátil”, disse o presidente do BC.

Campos Neto vê melhora da inflação

O presidente do BC disse ainda que a inflação mostra sinais “incipientes” de melhora, mas reforçou que é cedo para comemorar e que o país precisa persistir no combate à inflação.

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Campos Neto também reiterou a importância do equilíbrio fiscal para a inclusão social, em fala feita em um momento em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tem sido criticado por minimizar a importância do equilíbrio das contas públicas.

“Apesar de grande parte da melhora da inflação recente ser devido a medidas do governo, existem indicadores incipientes que mostram uma melhora qualitativa. É cedo para comemorar, nós precisamos persistir no combate à inflação, precisamos persistir em atingir as nossas metas porque essa é a melhor forma de contribuir com o crescimento sustentável”, disse Campos Neto.

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O presidente do BC disse, ainda, que o país precisa mostrar a quem investe no Brasil que o país tem disciplina fiscal.

“O fiscal tem uma relação direta com a credibilidade do país e existe um ponto de inflexão em que tentar mais em prol dos mais necessitados pode gerar resultados contrários ao desejado, colocando em risco a estabilidade financeira e a geração de empregos”, disse Campos Neto.

“Entendemos que só um plano coeso, com coerência fiscal e continuidades das reformas, vai assegurar uma trajetória de crescimento sustentável com inflação baixa e juros baixos.”

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Campos Neto alertou ainda que o Brasil deveria evitar um “aumento de impostos desequilibrado”. Sobrecarregar demais capital, reduz produtividade, observou.

“Precisamos de um conjunto de políticas que olhe o social, mas nos dê credibilidade para atrair o investidor externo”, concluiu.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)