“Só impedimos a explosão”: por que não podemos parar a agenda de reformas na Previdência, segundo Zeina, Tafner e Pedro Jobim

Durante evento da XP em Florianópolis, os economistas discutiram as mudanças positivas que aconteceram no país, e o que mais precisa ser feito

Lara Rizério

Paulo Tafner, Zeina Latif e Pedro Jobim (Foto: Vinícius Corrêa)

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FLORIANÓPOLIS – O Brasil está passando por importantes mudanças e as reformas definitivamente entraram na agenda do Congresso, criando um ambiente mais favorável para a economia brasileira. Mas muito ainda precisa ser feito. Ou seja, o país não pode se acomodar.

Essa mensagem foi passada por Paulo Tafner (economista especialista em Previdência e colunista do InfoMoney), Zeina Latif ( economista-chefe da XP Investimentos) e Pedro Jobim (economista-chefe da Legacy Capital) durante painel econômico na Expert Talks Floripa, evento realizado pela XP Investimentos nesta sexta-feira (22) e no sábado (23) em Florianópolis (SC).

Conforme destacou Tafner, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios passada a reforma da Previdência. “Ela não desatou o nó fiscal, simplesmente impediu a explosão. É como se tivéssemos trocado a fiação de uma casa velha: continua inabitável, só impedimos que pegasse fogo. O cenário está inóspito ainda”.

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Dentre as questões que precisam ser atacadas, Tafner avalia que o Brasil tem o orçamento mais engessado do mundo, com as despesas obrigatórias correspondendo a mais de 90% do total. “Seria necessário desvincular as receitas, algo que muitos deputados são contra”, afirma.

Tafner ainda faz um alerta: “Nosso modelo de crescimento entrou em exaustão, já tivemos duas décadas perdidas. O empuxo monetário está se esgotando, teremos que discutir empuxo fiscal. Nosso tempo está se esgotando”.

Também reforçando a importância da continuidade do processo do ajuste fiscal, Zeina Latif destacou que a reforma da Previdência foi muito importante, mas “para deixar tudo como está”, de forma que a dívida não entre em uma trajetória explosiva.

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E reforçou a importância de que as reformas sigam na agenda, ainda que a economia entre em uma trajetória de recuperação.

“Quando crescemos um pouquinho, deixamos as reformas de lado. Não podemos nos acomodar, achar que o jogo está ganho. Que bom que estamos com juros baixos e a agenda de reformas começou, mas é preciso fazer o ajuste fiscal e diminuir o custo Brasil”.

Zeina aponta ainda o alto custo dos empresários com advogados para tratar das questões trabalhistas e do sistema complexo de impostos no país, além da insegurança jurídica, como fatores que amarram o crescimento. Neste cenário, quanto mais demorado o ajuste fiscal for, mais lento será o caminhar da “agenda estruturante”.

“Uma coisa é o crédito e o consumo crescerem, outra é a nossa indústria estar defasada. Isso está fazendo com que a nossa importação esteja aumentando mesmo com a valorização do dólar”, avalia.

Mudanças icônicas

Com um tom positivo, Pedro Jobim destacou que, após anos com o Brasil apresentando um crescimento decepcionante pela falta do investimento estatal não sendo suprida pelo investimento privado, as perspectivas mais positivas para o próximo ano se baseiam em um aumento do crédito e também na dinâmica mais positiva do mercado de trabalho.

Outro pilar do otimismo é que, independentemente das outras agendas, os líderes do Congresso e a equipe do ministério da Economia estão com um projeto conjunta, que está progredindo.

Além disso, aponta, há mudanças classificadas como bastante icônicas, “como o fim do monopólio de refino da Petrobras (o que vai ser determinante para não usar mais a estatal e sua política de preços como instrumento para controlar a inflação), além do acordo entre o Mercosul e a União Europeia”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.