Setor de serviços surpreende economistas em novembro, mas há espaço para ânimo em 2022?

Segundo economistas do mercado financeiro, momento exige cautela, dado cenário desafiador no horizonte

Mariana Zonta d'Ávila

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Apesar dos dados do setor de serviços bem acima do esperado em novembro, economistas do mercado financeiro reforçam que ainda é preciso ter cautela. Isso porque, além de números que precisam ser analisados no detalhe, o cenário ainda volátil, de pandemia e de grande incerteza pode trazer ventos contrários para a economia brasileira em 2022.

“Os resultados da PMS em novembro foram claramente positivos, com a maioria das atividades registrando ganhos na margem. Isto posto, avaliamos que o ritmo de crescimento do setor deve ser avaliado com cautela, já que parte relevante da surpresa altista com os dados daquele mês decorreu de segmentos voláteis na base comparativa mensal”, escreve Rodolfo Margato, economista da XP, em relatório.

Margato chama atenção para os números muito mais fortes do que o esperado em dois segmentos: “Serviços de Tecnologia da Informação”, que teve expansão de 10,7% – após retração de 0,4% em outubro e 0,1% em setembro –, e “Serviços de Transporte Aéreo”, com aumento de 7,6% em novembro, após contração acumulada de quase 14% nos dois meses anteriores.

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A XP estima elevação de 0,5% para o faturamento real do setor de serviços entre novembro e dezembro (expansão de 8,9% ante dezembro de 2020), o que resultaria em crescimento de 10,7% em 2021 como um todo. Em 2020, o setor terciário contraiu 7,8%.

Em novembro, o volume de serviços no Brasil cresceu 2,4% na comparação com outubro, bem acima da alta de 0,2% esperada pelo consenso Refinitiv. Em relação a novembro de 2020, o volume do setor avançou 10,0%, também acima do aumento de 6,5% projetado, registrando a nona taxa positiva seguida.

Com o resultado de novembro, o setor ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, mas está 7,3% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014.

Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, interpreta os dados como positivos e diz esperar que alguns dos setores de serviços ainda impactados pela Covid-19 (em especial os serviços às famílias) se recuperem ainda mais nos próximos meses, em conjunto com mais progressos no programa de vacinação e novos estímulos fiscais.

“No entanto, uma onda crescente de contaminações pela variante ômicron da Covid, inflação alta, taxas crescentes, maior ruído político e incerteza política, deterioração da confiança do consumidor e das empresas e a incipiente reviravolta no ciclo de crédito devem gerar ventos contrários à atividade de serviços no curto prazo”, aponta.

A opinião é compartilhada por Alexsandro Nishimura, economista e sócio do escritório BRA, que avalia que os serviços prestados às famílias devem permanecer em tendência ascendente nos próximos meses, mas que a rápida disseminação da variante ômicron pode desacelerar a taxa de crescimento neste início de 2022.

Ele chama atenção ainda para o fato de o resultado de novembro ter sido liderado por segmentos voláteis em uma base mensal.

Já Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, destaca que ainda existe demanda reprimida, com espaço para grandes eventos à medida que a vacinação avança e a população se sente mais segura para procurar serviços.

“O turismo foi um dos destaques, crescendo 4,2% contra outubro e acumulando ganhos de 57% no ano. Essa pode ser uma dinâmica para 2022 inteiro passada a ômicron, dado que as pessoas vacinadas têm interesse em viajar mais”, avalia, ressaltando que não vê um fechamento tão grande da economia agora como foi com as outras ondas de contaminações pela Covid.

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