Sem citá-la, Bolsonaro coloca em dúvida vacina da AstraZeneca após suspensões na Europa

Procurada, a Anvisa disse que não comentará as declarações do presidente

Reuters

Presidente Jair Bolsonaro após reunião no Ministério da Economia em Brasília (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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SÃO PAULO – Sem citar nominalmente a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida a segurança do imunizante, após ter a aplicação suspensa temporariamente em vários países da Europa enquanto são investigados casos em que pessoas vacinadas tiveram coágulos sanguíneos.

Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que recebeu de uma pessoa, que não identificou, a sugestão para que comprasse a vacina, apesar da suspensão de sua aplicação.

O imunizante da AstraZeneca, no entanto, já está sendo aplicado no Brasil no âmbito do Programa Nacional de Imunização (PNI) e há acordo para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao governo federal, envasar doses da vacina no Brasil e, ainda neste ano, fabricá-la integralmente em suas instalações.

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“Vocês sabem, tem uma vacina que tem uns 10 países que não vão aplicar mais, estão sabendo né? Aí tem um cara que ligou para mim, um cara inteligente, ‘por que você não compra essa vacina?’. Cara, se os países não estão aplicando é no mínimo um lote suspeito. ‘Ah, mas não tem problema’. A que ponto chegou a cabeça das pessoas? Ah, os países não estão aplicando, então vai lá e compra”, disse.

A aplicação da vacina da AstraZeneca foi suspensa em países como Itália, Alemanha e França, entre outros, após relatos de coágulos sanguíneos em pessoas que receberam o imunizante.

Entretanto, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que está investigando os casos, afirmou que os benefícios da vacina superam seus eventuais riscos e recomendou que o imunizante continue a ser aplicado.

A diretora-executiva da EMA, Emer Cooke, disse ainda que não há indicação de que os incidentes envolvendo a formação de coágulos, que ela chamou de “muito raros”, foram causados pela vacina, mas especialistas estão analisando essa possibilidade.

Na mesma linha, uma comissão de análise de segurança de vacinas da Organização Mundial da Saúde (OMS) também disse considerar que os benefícios da vacina contra Covid-19 da AstraZeneca superam seus riscos e recomendou que as vacinações continuem.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também recomendou a continuidade do uso da vacina da AstraZeneca no Brasil, após ter concluído que não houve alteração no equilíbrio do benefício-risco do imunizante em meio a relatos de efeitos adversos da vacina em países europeus.

Procurada nesta quinta, a Anvisa disse que não comentará as declarações do presidente.

A Fiocruz, por sua vez, disse na terça que o imunizante é extremamente seguro, conforme demonstrado em ensaios clínicos, e que não há evidência de aumento do risco de formação de coágulos sanguíneos pela vacina até o momento.

Esta não é a primeira vez que Bolsonaro coloca em dúvida a eficácias das vacinas. Em novembro, ele comemorou como uma vitória pessoal a decisão da Anvisa de suspender os testes no Brasil com a CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac, tomada pela agência como resposta à morte de um voluntário, que soube-se depois tratar-se de um suicídio sem relação com o imunizante. A suspensão durou um dia.

Bolsonaro também afirmou que a vacina, que responde pela maior parte da vacinação contra Covid-19 no Brasil, não inspirava confiança por sua origem chinesa e chegou a afirmar que o governo federal não a compraria.

O Ministério da Saúde tem contrato com o Butantan para a compra de 100 milhões de doses da CoronaVac, que o instituto paulista promete entregar até agosto. Há ainda negociações para mais 30 milhões de doses da vacina chinesa após a pasta manifestar interesse no lote adicional.

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