Ricardo Amorim: investidores têm oportunidade gigante no Brasil, mas exterior é um fator de risco

O maior fator de risco, aponta, é com relação ao acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que pode afetar maior economia do mundo

Lara Rizério

Ricardo Amorim (foto: Fernando Perecin)

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FLORIANÓPOLIS – Se não houver recessão global, caos político e se as reformas continuarem, as chances do Brasil entrar num ciclo muito positivo são grandes.

Com isso, provavelmente, “vai chover investimento estrangeiro no País”, o que trará grandes oportunidades. Porém, há um risco, vindo do exterior, que deve ser monitorado pelos investidores.

A avaliação é do economista Ricardo Amorim que, em palestra realizada na Expert XP Floripa Talks, evento realizado pela XP Investimentos neste sábado (23).

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Olhando apenas para a bolsa brasileira, o economista aponta que ela está sendo negociada com múltiplos em linha com a média histórica mas, ajustado pelo dólar, o mercado brasileiro está em um valor de 70% da média histórica, enquanto a bolsa americana está 110% acima da média. Ou seja, para os estrangeiros, os ativos brasileiros estão baratos.

Além disso, os estrangeiros correm um grande risco caso não entrem no Brasil. “Existem muitos emergentes, alguns crescendo muito, mas poucos têm o mercado que o Brasil tem. Se o gringo escolher não vir para cá e o Brasil der certo, adeus liderança global”.

Tal cenário deve levar a um aumento do emprego e do consumo, levando mais pessoas às compras, gerando um ciclo virtuoso para puxar a economia para cima. O potencial se torna ainda maior, de acordo com Amorim, uma vez que passamos recentemente pela maior recessão da história, com muitos recursos não utilizados e um vasto grupo de pessoas em busca de emprego.

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O Brasil tem mais de 12 milhões de desempregados, mas há 65 milhões fora do mercado de trabalho (considerando pessoas que estão em subemprego ou que desistiram de procurar emprego).

Isso pode gerar uma grande oportunidade para que o País cresça, empregando mais, sem criar pressão inflacionária com aumento de salários, criando condições sustentáveis para a continuidade da queda de juros.

Tal momento, por sinal, não deve se perder nem em meio aos últimos movimentos políticos, como a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de barrar a prisão em segunda instância.

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“Tem muita gente que está preocupado com o Lula solto, ficam na dúvida sobre os efeitos de uma esquerda mais organizada”. Porém, para Amorim, isso não deve gerar tanta preocupação: “pode gerar incerteza, mas não acredito que vai sustentar. O grau de compreensão da população brasileira melhorou demais e isso se reflete no Congresso. Se não fizerem o mínimo para o Brasil crescer, o povo vai pedir a cabeça dos congressistas”.

Assim, ele avalia que as reformas tributária e administrativa passarão no ano que vem o que, associadas às reformas já feitas (com destaque para a Previdência) geram um cenário positivo para os aportes por aqui.

Fator de risco externo

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Por outro lado, um risco que pode afetar o Brasil e que está sendo observado de perto por Amorim é com relação aos EUA. “Caso a economia americana entre em recessão, ela leva o mundo também para baixo”, afirma, o que também afeta ativos imobiliários e a bolsa no Brasil.

E, como não poderia deixar de ser, a guerra comercial com a China será o grande tema – e bastante atrelado à eleição americana.

Trump – para voltar a conquistar os votos dos eleitores que votaram nele em 2016 com o discurso de trazer os empregos da indústria de volta -, deve continuar endurecendo a guerra comercial, o que freia as economias americana e chinesa.

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“Qual é a aposta dele? Pisa no freio com desaceleração da economia através da disputa com a China, mas também pisa em dois aceleradores, que é o corte de juros pelo Federal Reserve e a expansão fiscal. Pode ser que dê certo, mas é difícil”, avalia.

Neste cenário, uma questão-chave é como a China vai jogar esse jogo. “ Os chineses têm o poder de decidir o próximo presidente americano. Os EUA passam por um processo de eleição, mas a China não. No caso do Trump, se houver recessão antes, ele pode perder eleição”, avalia, uma vez que o seu principal trunfo, o emprego em alta, pode sofrer um forte revés.

“Quem determina se o mundo vai entrar em breve numa recessão é o líder chinês”, afirma o economista, uma vez que dependerá do gigante asiático decidir se vai endurecer ou não a guerra comercial.

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Assim, Amorim aponta ter dúvidas de que o mundo não passará por uma crise nos próximos três anos. Porém, a intensidade da crise e como o Brasil será afetado é um ponto de dúvida. “Pode acontecer a maior crise do capitalismo, mas não é provável”, avalia.

O economista, desta forma, segue otimista com o Brasil. Porém, pondera que a crise internacional pode dar uma “chacoalhada” nos ativos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.