Revista médica diz que Bolsonaro é “ameaça ao combate à Covid-19”

The Lancet, uma das mais respeitadas publicações sobre medicina do mundo, escreveu um longo editorial sobre a doença no país

Equipe InfoMoney

O presidente Jair Bolsonaro em entrevista à imprensa (Isac Nóbrega/PR)

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SÃO PAULO – A revista The Lancet, uma das publicações sobre medicina mais respeitadas do mundo, publicou um editorial em que classificou o presidente Jair Bolsonaro como “talvez a maior ameaça à resposta do Brasil contra a Covid-19”. 

Com título Covid-19 in Brazil: so what? (Covid-19 no Brasil: e daí?), o texto, publicado na quinta-feira (7) para sair também na edição impressa de sábado (9), faz referência a uma fala recente do presidente ao ser questionado sobre a piora da situação da doença no país.

De acordo com a publicação, ao dizer “e daí, o que você quer que eu faça?”, o presidente “continua a mostrar confusão ao abertamente desdenhar e desencorajar as importantes medidas de distanciamento e lockdown implementadas por governos estaduais e prefeitos”.

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O texto lembra ainda as demissões dos ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça). “Tanta desordem no coração da administração é uma distração mortal no meio de uma emergência de saúde pública e também um grave sinal de que a liderança no Brasil perdeu o norte moral, se algum dia já teve um”.

É lembrada a pesquisa da Imperial College apontando o Brasil como o país com maior taxa de transmissão entre 48 países, e o texto destaca em especial o risco de 13 milhões de brasileiros que vivem em favelas “frequentemente com mais de três pessoas por cômodo e pouco acesso a água limpa”, onde as recomendações de higiene e distanciamento são “quase impossíveis de serem seguidas”.

Iniciativas que vão contra a postura do presidente são elogiadas pelo editorial, incluindo desde as manifestações da população através de panelaços até manifestos oficiais de instituições como o Pacto pela vida e pelo Brasil da Academia Brasileira de Ciências. Também felicita as pesquisas produzidas nacionalmente e a rapidez na produção de equipamentos protetores, respiradores e kits de teste.

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“Há ações promissoras. Mas a liderança em seu mais alto nível de governo é crucial para evitar rapidamente a pior consequência dessa pandemia, como ficou evidente em outros países”, diz a publicação. “O Brasil como país deve se unir para dar uma clara resposta ao ‘e daí?’ de seu presidente”. E conclui: “Ele precisa mudar de rumo drasticamente ou pode ser o próximo a ir”.