Recuperação dos serviços em março mostra que demanda por empresas tem avançado

Desta vez, além do consumo das famílias, que já vinha demonstrando resiliência desde o ano passado, a atividade contou também com uma recuperação dos serviços empresariais, dizem economistas

Roberto de Lira

Serviços de TI e comunicações foram destaque na pesquisa de março
Serviços de TI e comunicações foram destaque na pesquisa de março

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A recuperação do setor de serviços em março, cujo volume cresceu 0,4% na leitura mensal após a queda observada em fevereiro, mostrou sinais promissores para as projeções de PIB no 1º trimestre, segundo análise de economistas. Desta vez, além do consumo das famílias, que já vinha demonstrando resiliência desde o ano passado, a atividade contou também com uma recuperação dos serviços às empresas.

Embora ainda tenha alertado que os resultados desagregados continuem mistos, com três dos cinco principais segmentos do setor mostrando crescimento no 1º trimestre de 2024 ante o último trimestre de 2023, Rodolfo Margato, economista da XP, cita que os Serviços Prestados às Famílias dispararam 1,3% no período, no quinto ganho consecutivo na comparação trimestral.

Ele atribuiu isso ao significativo aumento da renda real disponível – de cerca de 4,5% no primeiro trimestre de 2024, as estimativas da XP –, o que apoiou o consumo pessoal de bens e serviços.

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Mas além disso, os Serviços de Informação e Comunicação também têm crescido consistentemente, segundo Margato – 1,9% na comparação trimestre contra trimestre anterior e 3,5% nos últimos 12 meses -, principalmente devido ao grupo de Serviços de TI.

No geral, a XP projetamos que o setor de serviços como um todo crescerá 2,6% neste ano, próximo ao avanço de 2,4% registrado em 2023. O tracker XP para o crescimento do PIB do 1º trimestre de 2024 aumentou para 0,65% ante o 4º trimestre de 2023, ficando em 2,3% ante o 1º trimestre de 2023.

Para o ano, no entanto, a projeção para o PIB – atualmente em 2,2% – está com viés de baixa, devido aos desastres naturais que assolam o estado do Rio Grande do Sul. De acordo com as estimativas preliminares da XP, o impacto no PIB será de cerca de -0,3 p.p. em 2024.

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Igor Cadilhac, economista do PicPay, também deu destaque em março para as contribuições positivas que vieram dos serviços de informação e comunicação (4,0%) e dos serviços profissionais, administrativos e complementares (3,8%).

“Seguimos observando um bom momento da atividade econômica brasileira, que vem se beneficiando de um mercado de trabalho em pleno emprego, de uma massa salarial crescente e da inflação bem-comportada. Olhando à frente, esperamos que esse cenário se mantenha ao longo do ano”, afirma, ao projetar um crescimento do PIB de 0,7% no primeiro trimestre e de 2,1% no ano.

“Com os números de atividade de março fechados, estimamos que os avanços dos serviços e da indústria devam contrabalançar o recuo no varejo ampliado. Sendo assim, projetamos um Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) estável no mês”, estima.

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O Santander Brasil, por sua vez, destaca não só serviços de informação e os profissionais, que compensaram totalmente a queda de fevereiro, como o segmento de “Outros serviços”, um subsetor altamente volátil que inclui atividades como corretagem e serviços financeiros, que permaneceram estáveis.

Produtividade

Rafael Perez, economista da Suno Research, explica que a melhora dos serviços ligados às atividades empresariais, reflete a tendência das empresas em investir cada vez mais em tecnologia da informação, comunicação estratégica e serviços administrativos para melhorar a produtividade e a competitividade.

“O setor de serviços deverá continuar sendo impulsionado pelas melhores condições para o consumo das famílias, mas já começamos a notar uma dinâmica mais favorável para os serviços voltados às empresas”, reforça.

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Segundo ele, essa mudança na composição do crescimento dos serviços pode trazer novo ímpeto para o setor e, conjuntamente com o avanço do consumo das famílias, reforçam a nossa expectativa de um crescimento mais sólido da economia nesse primeiro trimestre. A expectativa da Suno é de uma alta de 0,7% do PIB nos primeiros três meses do ano.

Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, por sua vez, comenta que os serviços técnicos de fato têm apresentado uma dinâmica muito benigna e uma robustez em seu crescimento. Além disso, ele afirma que a dinâmica do crédito, que é a dinâmica do mercado de trabalho mais aquecido, com reajustes salariais um pouco mais fortes na margem, deve continuar mantendo a parte dos serviços, em especial os serviços prestados às famílias, ainda fortes ao longo de 2024.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, afirma que os dados divulgados hoje confirmam que a atividade econômica veio forte no primeiro trimestre, impulsionada por um cenário de aumento da massa salarial e aumento de gastos do governo, como o pagamento de precatórios. “Projetamos crescimento de 1% para o PIB do 1º trimestre em relação ao trimestre anterior. Para o ano de 2024, nossa expectativa é de expansão de 2,2%.”