Reabrir é mais difícil que eliminar vírus em países “Covid Zero”

De certa forma, o sucesso dos chamados países “Covid Zero” se torna uma camisa de força

Bloomberg

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Vários lugares, principalmente na região Ásia-Pacífico, obtiveram vitórias na batalha contra a Covid-19 ao praticamente eliminar o coronavírus dentro de suas fronteiras. Agora, enfrentam um novo teste: a reintegração com o resto do mundo, que ainda é dominado pelo patógeno.

De certa forma, o sucesso dos chamados países “Covid Zero” se torna uma camisa de força. À medida que cidades como Nova York e Londres voltam a fazer negócios pessoalmente e retornar à normalidade – tolerando centenas de casos diários enquanto a vacinação ganha ritmo -, centros financeiros como Singapura e Hong Kong correm o risco de ficar para trás com suas restrições de fronteira rigorosas e medidas para frear aumento de casos de um dígito.

Depois de 18 meses que ceifaram 3,3 milhões de vidas globalmente, países como China, Singapura, Austrália e Nova Zelândia registraram menos mortes na pandemia do que muitas nações, mesmo aquelas com altas taxas de vacinação.

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Essa conquista permitiu relativa normalidade durante grande parte do ano passado. Algumas pessoas nem tiveram que usar máscaras. Mas sustentar esse status também exigiu períodos de lockdowns, proibições quase generalizadas de viagens internacionais e políticas rígidas de quarentena. Os poucos viajantes autorizados a entrar tiveram de passar semanas em total confinamento, sem poder sair de um quarto de hotel.

Agora que campanhas de vacinação em massa permitem que outras partes do mundo retomem a normalidade e viagens internacionais, especialistas e residentes começam a questionar se o isolamento da Covid vale a pena, se implementado no longo prazo.

“O mundo inteiro não será Covid Zero”, disse Rupali Limaye, diretora de ciência comportamental e de implementação do Centro Internacional de Acesso a Vacinas da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins.

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Medidas muito rígidas para números de casos minúsculos podem parecer exageradas para observadores em países que enfrentam milhares de infecções por dia, mas o objetivo é extinguir o coronavírus antes que restrições de maior impacto, como lockdowns de meses, sejam necessárias – e, na maior parte, a estratégia tem funcionado. Ainda assim, o ritmo mais lento de vacinação nesses países e a ameaça de novas variantes fizeram com que as medidas se tornassem cada vez mais onerosas.

Nova York registra atualmente 95 novos casos diários por milhão de pessoas, e os EUA acabam de suspender a ordem de usar máscaras para vacinados. Singapura contava com apenas 4,2 novos casos por milhão na quinta-feira, elevando as infecções locais ao nível mais alto desde julho do ano passado. Por isso, a cidade-estado retomou as restrições impostas pela última vez há um ano, com a proibição de comer dentro de restaurantes e limite de reuniões a duas pessoas. O aumento de casos também coloca sua aguardada bolha de viagens com Hong Kong em dúvida.

“Por termos sido tão bem-sucedidos, somos ainda mais avessos ao risco do que antes”, disse Peter Collignon, professor de doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade Nacional Australiana, em Canberra.

Pagar o preço

O isolamento contínuo é o preço que esses lugares terão de pagar para manter essa abordagem no longo prazo, enquanto outras partes do mundo aprendem a tolerar algumas infecções, desde que os sistemas médicos não estejam sobrecarregados.

A maioria dos especialistas concorda que é improvável que o coronavírus desapareça completamente. A expectativa é que se torne endêmico, o que significa que circulará em algum nível sem desencadear as ondas mortais vistas desde o final de 2019.

Para manter taxas de infecção zero, essas economias terão que implementar medidas mais duras e rígidas, disse Donald Low, professor do Instituto de Políticas Públicas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong.

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