Pressionado por fim de doses, Pazuello promete a governadores vacinas sem confirmação de entrega

Pazuello participou de reunião com governadores que solicitaram o encontro para cobrar do ministro um calendário detalhado sobre a entrega das vacinas

Reuters

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello 09/06/2020 REUTERS/Adriano Machado

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RIO DE JANEIRO (Reuters) – O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, prometeu nesta quarta-feira entregar aos Estados mais 11,3 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus ainda em fevereiro para permitir a retomada da imunização em locais que ficaram sem doses, mas incluiu na conta 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca que ainda não tiveram o envio confirmado pela Índia.

Pazuello participou de reunião virtual com governadores que solicitaram o encontro para cobrar do ministro um calendário detalhado sobre a entrega de imunizantes e a busca de outros possíveis fornecedores, em meio a uma escassez de doses que levou cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Cuiabá a suspenderem a vacinação.

O ministro disse que serão entregues aos Estados ainda em fevereiro 11,3 milhões de doses, sendo 9,3 milhões de doses da CoronaVac envasadas pelo Instituto Butantan e 2 milhões de doses a serem importadas prontas da Índia do imunizante desenvolvido pela AstraZeneca em parceira com a Universidade de Oxford.

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A entrega da vacina da AstraZeneca, no entanto, ainda não foi confirmada pelas autoridades indianas, que no início do ano dificultaram uma primeira exportação de 2 milhões de doses ao Brasil para priorizar a vacinação interna.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que é responsável pela importação, a compra ainda está sendo negociada.

Procurado, o Ministério da Saúde não respondeu de imediato sobre a inclusão no calendário da vacina ainda em negociação.

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Até o momento o ministério disponabilizou aos Estados 11,8 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, sendo 9,8 milhões da CoronaVac e 2 milhões da AstraZeneca, após o governo federal ter demorado a negociar a aquisição de vacinas e de o país ter sofrido com atrasos na produção de imunizantes.

No domingo, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) pediu a saída urgente de Pazuello do comando da pasta, citando relatos de prefeitos de várias partes de país indicando a suspensão da vacinação dos grupos prioritários a partir desta semana, “em consequência da interrupção da reposição das doses e da falta de previsão de novas remessas pelo ministério”.

Na reunião com os governadores, Pazuello também incluiu no cronograma apresentado aos governadores outros 8 milhões de doses da vacina importada da Índia, sendo 4 milhões em março e mais 4 milhões em abril, que também ainda estão pendentes de confirmação.

Além disso, as vacinas Sputnik V, da Rússia, e Covaxin, da Índia, também foram incluídas, apesar de ambas ainda não terem recebido aprovação regulatória para uso no país. No total, o governo prometeu entregar 231 milhões de doses até o final de julho.

“Totalizaremos até 31 de julho quase 231 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, ou seja, o suficiente para dar tranquilidade de proteção à população contra essa doença”, afirmou o ministro, segundo nota do ministério.

Segundo o ministério, está prevista para esta semana a assinatura de contratos com os laboratórios União Química/Gamaleya e Precisa/Bharat Biotech para a aquisição das vacinas Sputnik (10 milhões de doses) e Covaxin (20 milhões de doses), respectivamente.

Em vídeo gravado após a reunião, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), coordenador sobre vacinas no Fórum Nacional dos governadores, disse que até abril estarão disponíveis 104 milhões de doses, o que será suficiente para vacinar os 50 milhões de pessoas da primeira fase, que é o grupo de maior risco, o que deverá ter um impacto positivo sobre hospitalizações e óbitos.

Pazuello, também em vídeo após o encontro, disse que até o final do ano deverá estar disponível um total de 450 milhões de doses de vacinas contra a Covid no país.

O ministro cita a Fiocruz e o Butantan, que já têm contratos firmados, além de União Química e Barath, em negociação, e “outros” laboratórios, que também estariam em negociação, mas que ele não nomina.

A promessa do ministro aos governadores para o primeiro semestre inclui mais de 100 milhões de doses da vacina da AstraZeneca a serem produzidas pela Fiocruz com insumos importados, além de 10,6 milhões a serem entregues pelo mecanismo Covax, coliderado pela Organização Mundial da Saúde. (OMS).

O ministério também conta com um total de 100 milhões de doses da CoronaVac a serem entregues pelo Butantan. O instituto anunciou nesta quarta que vai antecipar em um mês, para o final de agosto, a conclusão da entrega ao ministério de um lote de 54 milhões de doses.

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