Pressão de Trump faz Canadá suspender taxa sobre big techs americanas

País suspende cobrança que afetaria gigantes de tecnologia e tenta fechar novo acordo com os EUA até julho

Paulo Barros

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O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, conversam durante uma foto de família na Cúpula do G7 em Kananaskis, Alberta, Canadá, em 16 de junho de 2025. REUTERS/Amber Bracken
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, conversam durante uma foto de família na Cúpula do G7 em Kananaskis, Alberta, Canadá, em 16 de junho de 2025. REUTERS/Amber Bracken

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O governo do Canadá anunciou no domingo (29) que vai voltar atrás no imposto sobre serviços digitais que começaria a ser cobrado nesta segunda-feira (30). A medida ocorre após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspender negociações comerciais com Ottawa em resposta ao tributo, que ele chamou de “ataque flagrante” aos EUA.

Segundo comunicado do governo canadense, o primeiro-ministro Mark Carney e Trump concordaram em retomar as negociações de um novo acordo comercial e pretendem concluir um acerto até 21 de julho.

A taxa canadense, de 3% sobre receitas de serviços digitais de empresas que faturam acima de US$ 20 milhões anuais no país, impactaria companhias como Amazon (AMZO34), Meta (M1TA34), Google (GOGL34) e Apple (APPL34). Estimativas de um grupo do setor apontavam custo anual de até US$ 2,3 bilhões para as empresas americanas.

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O imposto havia sido alvo de críticas de Washington e de grupos empresariais canadenses, que temiam impactos na relação comercial com os EUA — destino de mais de 75% das exportações canadenses.

Na sexta-feira (27), Trump suspendeu as negociações e ameaçou impor novas tarifas a produtos canadenses, afirmando: “Economicamente, temos tal poder sobre o Canadá. Eu preferia não usar, mas fizeram algo com nossas empresas de tecnologia… Temos todas as cartas”, disse ele a repórteres.

O imposto havia sido anunciado em 2020 para tributar grandes empresas de tecnologia que, segundo o governo canadense, não pagavam imposto sobre receitas geradas no país. Apesar de Ottawa afirmar que preferia um acordo multilateral sobre o tema, decidiu cancelar a cobrança para destravar o diálogo com Washington.

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Com o anúncio, o Ministério das Finanças do Canadá informou que o ministro François-Philippe Champagne apresentará projeto para revogar a lei do imposto digital. A notícia impulsionou os mercados: futuros de índices acionários subiram e o otimismo se espalhou para as bolsas asiáticas.

Trump e Carney haviam se reunido em junho, na cúpula do G7, e acertado concluir um novo acordo comercial em 30 dias. As conversas foram interrompidas após a crise do imposto digital e agora serão retomadas.

Dados do governo americano mostram que o Canadá é o segundo maior parceiro comercial dos EUA, atrás apenas do México, comprando US$ 349,4 bilhões em produtos em 2024 e exportando US$ 412,7 bilhões.

Enquanto isso, o Canadá continua sujeito a tarifas de 50% sobre aço e alumínio, impostas por Trump em abril.

(com Reuters e Washington Post)

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)