Presidente do BC defende convergência entre disciplina fiscal e demandas sociais

Presidente do Banco Central afirmou que o mercado não é um monstro ou uma entidade, mas uma máquina que aloca recursos

Roberto de Lira

José Cruz/Agência Brasil

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu hoje que deve haver uma convergência entre a disciplina fiscal e as demandas sociais, com as políticas fiscal e econômica precisando de coordenação para trazer resultados. Apesar de evitar fazer maiores comentários sobre a minuta da PEC da Transição enviada anteontem ao Congresso, ele disse há muita incerteza sobre o tamanho do gasto extra que será autorizado para o novo governo em 2023.

“Se acreditarmos que convergência não acontecerá por fiscal, vamos reagir”, afirmou o presidente do BC. Ele observou que a população pobre é a mais prejudicada quando as condições são adversas.

“É importante ter disciplina fiscal e olhar para o social”, reforçou. “O Brasil tem o desafio de comunicar que tem disciplina fiscal”. Ele acrescentou ainda que a incerteza, além de restringir o espaço para gastos, exerce papel relevante na ação da autoridade monetária.

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Durante palestra no Nacional Bloomberg Leader’s Circle, nesta manhã em São Paulo, o presidente do BC disse que o Brasil tem desafios comuns com outros países sobre como “pagar a conta” das demandas que surgiram após a pandemia. “É preciso ser fiscalmente responsável, mas entendemos que há um problemas social que precisa ser endereçado”, afirmou.

Embota tenha dito algumas vezes que não é seu ‘trabalho” tecer comentários sobre política fiscal, ele comentou que, além do número (proposto para o gasto extra), também é importante a comunicação sobre isso. Sobre a percepção ruim que os mercados tiveram após a apresentação da minuta, Campo Neto disse que é preciso entender que o mercado “não é um monstro ou uma entidade, mas uma máquina que aloca recursos”. Assim, é natural que tenha reações quando há forte incerteza.

Na apresentação que fez hoje, o presidente do BC apontou que um valor de R$ 175 bilhões de gastos extras pode levar o resultado primário de 2023 para um déficit de 1,5% do PIB, ante a previsão anterior de 0,8% doPIB. A dívida também pode subir entre 2022 e 2023 de 77,7% para 81,9%, ou até mais.

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Sobre inflação, Campos Neto apresentou vários gráficos que demonstraram o resultado de o BC ter feito seu trabalho antes de outras nações ao iniciar o ciclo de alta de juros e negou que os preços tenham caído de forma artificial. “”Não é verdade que o Brasil gastou mais para baixar a inflação artificialmente. O Brasil mostra um cenário melhor que o resto do mundo e foi rápido em subir juros”, afirmou.