Preços ao produtor no Brasil sobem 0,06% em fevereiro, após três meses de queda

Variação poderia ter sido maior se o setor de alimentos não tivesse mostrado queda de 1,42%, impactado pela retração de produtos derivados da soja, do arroz e carnes de bovinos frescas

Roberto de Lira

Preços da soja e derivados foram alguns dos responsáveis pela alta do IGP-M em abril (Bloomberg)

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Após três meses seguidos de queda, os preços da indústria nacional subiram 0,06% na passagem de janeiro para fevereiro, informou nesta terça-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse resultado, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) acumula queda de 5,16% em 12 meses. No ano, a variação acumulada é de -0,18%.

Entre as grandes categorias econômicas, os bens de capital tiveram queda de -1,05% no mês, enquanto os bens intermediários subiram 0,12% e os bens de consumo avançaram 0,21%. Nessa última categoria, houve variação de 0,23% nos bens de consumo duráveis e de 0,20% nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis.

O resultado mensal positivo em fevereiro foi disseminado por 14 das 24 atividades investigadas na pesquisa. Os setores que mais contribuíram para o índice geral foram os de metalurgia (0,12 ponto percentual), indústrias extrativas (0,09 p.p.) e refino de petróleo e biocombustíveis (0,08 p.p.).

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No entanto, o maior destaque foi o setor de alimentos (-1,42%), que, de forma geral, exerceu a maior influência sobre o índice nacional (-0,35 p.p.) O resultado dessa atividade foi impactado pela queda nos preços de produtos derivados da soja, do arroz e carnes de bovinos frescas.

O gerente de análise e metodologia do IBGE, Alexandre Brandão, lembrou que este mês teve a entrada da safra da soja e do arroz e um aumento do efetivo do gado para abate e que isso tornou os preços mais baratos para a indústria. “Se não fosse pelo resultado negativo do setor de alimentos, que pesa cerca de 25% da indústria, o índice teria crescido mais em fevereiro”, completa.

Ainda segundo o IBGE, no setor de metalurgia, os preços subiram 2,03% frente a janeiro, terceiro resultado positivo seguido. Essa taxa foi a mais alta para a atividade desde maio de 2022 (2,05%). Na passagem de janeiro para fevereiro, as maiores influências para o aumento vieram dos produtos do grupo de metais não ferrosos, que vêm sendo atingidos por variações de câmbio e dos preços dos insumos.

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Já nas indústrias extrativas (1,79%), houve inflação pelo terceiro mês consecutivo. No ano, o setor acumula alta de 6,52%. “Nessa atividade, o Brasil acompanha o movimento dos preços no mercado internacional e eles vêm aumentando. A depreciação do real frente ao dólar intensifica isso ainda mais”, disse o gerente.

Por sua vez, no refino de petróleo e biocombustíveis (0,74%), a variação positiva foi influenciada, principalmente, pela alta no preço do álcool etílico. “Os produtos que mais pesam nessa atividade são os derivados do petróleo, como óleo diesel e gasolina, mas o maior impacto dessa vez veio do álcool etílico, em razão da dificuldade momentânea de moer cana-de-açúcar em certas áreas”, analisou Brandão.