Por que Canadá, México e Rússia ficaram de fora das novas tarifas de Trump

No caso da Rússia, justificativa dada pela Casa Branca entra em contraste com a inclusão até de ilhas remotas inabitadas; rivais históricos como Cuba e Coreia do Norte também ficaram de fora

Paulo Barros

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O anúncio das novas tarifas comerciais dos Estados Unidos, feito na quarta-feira (2), incluiu quase todos os parceiros comerciais do país. No entanto, três economias relevantes — Canadá, México e Rússia — ficaram de fora da lista.

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Abaixo, os motivos apontados oficialmente e os dados disponíveis sobre cada caso:

Segundo a Casa Branca, Canadá e México foram excluídos da nova tarifa-base de 10% devido à vigência do acordo comercial USMCA, que prevê tratamento preferencial para bens que atendam aos critérios de origem. Ainda assim, produtos como automóveis, aço e alumínio continuam sujeitos a tarifas específicas já aplicadas anteriormente.

Além disso, permanecem em vigor tarifas de 25% impostas anteriormente pelo governo Trump a produtos desses países, vinculadas a ordens executivas relacionadas ao combate ao tráfico de fentanil e à migração irregular. De acordo com um informativo oficial, se essas ordens forem encerradas, bens não compatíveis com o USMCA passarão a ter tarifa de 12%.

Rússia fica de fora por sanções já existentes, diz Casa Branca

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou à Axios que a Rússia foi excluída da nova rodada de tarifas porque as sanções econômicas já aplicadas pelos EUA “precluem qualquer comércio significativo”. O valor das trocas comerciais entre os dois países caiu de cerca de US$ 35 bilhões em 2021 para US$ 3,5 bilhões em 2024, segundo dados oficiais.

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A justificativa inclui a existência de tarifas e restrições anteriores, semelhantes às que já se aplicam a países como Cuba, Coreia do Norte e Belarus, que também ficaram fora da lista atual.

Apesar da justificativa oficial, a Rússia continua mantendo fluxo comercial com os Estados Unidos superior ao de países listados para novas tarifas. Até mesmo ilhas desabitadas, como Heard Island e McDonald Islands, dois territórios remotos da Austrália, foram incluídas na nova política tarifária com alíquota de 10%. O mesmo ocorreu com Norfolk Island, outro território australiano listado com tarifa de 29%, negou qualquer exportação significativa para os EUA:

Segundo o The Guardian, o emissário de investimentos de Vladimir Putin, Kirill Dmitriev, fez visita a Washington na quarta-feira e se reuniu com autoridades americanas antes do anúncio de Trump. Já a Ucrânia, que continua em guerra com os russos, foi incluída na nova política tarifária com uma alíquota de 10%.

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(com The Guardian e Axios)

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas