PMI composto da zona do euro tem ligeira recuperação em setembro, mas continua em terreno restritivo

Segundo dados preliminares, PMI agregado subiu de 46,7 para 47,1; o de serviços subiu para 48,4 e o industrial recuou para 43,4 no mês

Roberto de Lira

(Christian Lue/Unsplash)

Publicidade

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro subiu dos 46,7 registrados em agosto para 47,1 em setembro, de acordo com dados preliminares divulgados nesta sexta-feira (22) pela S&P Global em parceria com o banco HCOB. Foi o quarto mês consecutivo que o indicador de atividade que agrega indústria e serviços se posicionou abaixo da marca de 50,0, que separa a contração da expansão.

A pesquisa mostrou que o PMI específico de serviços teve uma ligeira recuperação em setembro, passando de 47,9 para 48,4 na comparação mensal, mas também ficando abaixo do nível neutro pelo segundo mês seguido. O PMI industrial, por sua vez, recuou de 43,5 para 43,4 entre agosto e setembro.

Segundo os dados divulgados hoje, a atividade empresarial enfrenta o quarto mês seguido de redução de pedidos, com destaque para o declínio no setor dos serviços, onde os novos negócios experimentam o pior momento desde a pandemia. Excluindo os piores meses da crise sanitária, as novas encomendas de serviços foram as piores desde maio de 2013.

Continua depois da publicidade

Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank, afirmou que os números dos serviços na zona do euro pintam um quadro sombrio, embora existam alguns sinais de esperança. “A atividade foi reduzida mais uma vez e a entrada de novos negócios tem diminuído durante três meses consecutivos. No entanto, as empresas estão contratando em setembro a um ritmo um pouco mais rápido do que em agosto”, ponderou em nota.

Os preços dos fatores de produção, onde os salários desempenham um papel importante, aceleraram em setembro pelo segundo mês consecutivo. Os preços da produção também continuaram a aumentar, mas a pressão ascendente abrandou um pouco novamente, disse o economista

Segundo ele, embora isso possa trazer algum conforto aos Bancos Centrais, a pressão sobre os preços de produção mostra que o risco de uma espiral salários-preços deve permanecer no radar do BCE.

Continua depois da publicidade

O principal obstáculo, disse de La Rubia, continua a vir da indústria, onde a situação dos pedidos se deteriorou ainda mais. As empresas continuam reduzindo os estoques, mas as quedas nas compras perderam algum dinamismo. Assim, o processo de redução de estoques poderá atingir o seu nível mais baixo nos próximos meses, em linha com uma tendência mundial.

“Em termos de fraqueza no setor industrial, a França está se aproximando da Alemanha. Na verdade, o PMI francês dirige-se mais para baixo, enquanto o PMI da Alemanha aumentou marginalmente, a partir de um nível muito baixo”, comparou

No setor dos serviços, a França está num estado muito pior do que a  Alemanha, que tem mostrado sinais de estabilização, afirmou. “Isso pode ter a ver com o facto de os negócios e serviços de bens de luxo desempenharem um papel mais importante na França do que na Alemanha. Quando as coisas vão mal, esses são os primeiros a sentir isso, muito mais do que os fornecedores de negócios não luxuosos.”