Otan promete à Ucrânia aumentar vigilância no Mar do Norte, após ameaças da Rússia a navios

Organização do Atlântico Norte cita desrespeito internacional russo, enquanto Putin promete enviar grãos gratuitamente para a África

Roberto de Lira

(Getty Images)

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A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) comunicou que vai intensificar a vigilância e os voos de reconhecimento na região do Mar Negro, inclusive com aeronaves de patrulha marítima e drones. O anúncio foi feito na quarta-feira (26) após a segunda reunião do Conselho Otan-Ucrânia, criado no início de julho durante a cúpula de Vilnius. A medida é uma resposta às ameaças russas de considerar todas as embarcações na região que rumem para a Ucrânia como alvos militares.

A tensão no Mar Negro aumentou nas últimas semanas, após a Rússia se negar a estender acordo formado com a Organização das Nações Unidas (ONU) para permitir o escoamento de parte da safra de grãos ucraniana por um corredor humanitário marítimo.

Desde o ano passado, em resposta à invasão russa na Ucrânia, a Otan aumentou significativamente sua presença na região, inclusive com dois novos grupos de batalha multinacionais na Bulgária e na Romênia.

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Os aliados da organização e a Ucrânia condenaram fortemente a decisão da Rússia de se retirar do acordo de grãos do Mar Negro e suas tentativas deliberadas de interromper as exportações agrícolas do país, “das quais centenas de milhões de pessoas em todo o mundo dependem”, informou em nota a Otan.

Eles também condenaram os recentes ataques com mísseis em Odesa, Mykolaiv e outras cidades portuárias, incluindo o ataque de drones de Moscou às instalações ucranianas de armazenamento de grãos na cidade portuária de Reni, no Danúbio, muito perto da fronteira romena.

Ameaças russas

Segundo o vice-secretário-geral Mircea Geoană, a Rússia continua a mostrar total desrespeito pelo direito internacional e pelas pessoas em todo o mundo que dependem dos grãos ucranianos.

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“A Rússia está ameaçando navios civis, aterrorizando cidades pacíficas e destruindo partes do patrimônio cultural mundial com seus ataques brutais. A OTAN está unida. Somos solidários com nossos aliados do Mar Negro, continuaremos a proteger uns aos outros e continuaremos a apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário”, afirmou.

Para o secretário-geral Jens Stoltenberg, as ações russas representam riscos substanciais para a estabilidade da região do Mar Negro, que é de importância estratégica para a OTAN. “Os aliados estão intensificando o apoio à Ucrânia e aumentando a vigilância. Continuamos prontos para defender cada centímetro do território aliado de qualquer agressão”, alertou.

Oleksandr Kubrakov , ministro da infraestrutura da Ucrânia, informou nesta quinta-feira (27) que, nos últimos nove dias, 26 instalações de infraestrutura portuária e cinco embarcações civis foram danificadas e parcialmente destruídas por ataques russos a Odesa.

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Ele também afirmou que a Rússia está restringindo o transporte marítimo perto da Crimeia e nas águas territoriais da Bulgária, bloqueando o movimento de navios na direção dos portos marítimos da Ucrânia.

A Rússia atacou novamente a cidade portuária de Odesa durante a noite, com a Força Aérea ucraniana relatando que oito drones Shahed e dois mísseis de cruzeiro Kalibr foram disparados sobre o país.

Putin renova promessas

Alheio à pressão internacional, o presidente russo Vladimir Putin abriu a cúpula Rússia-África nesta quinta-feira repetindo a oferta substituir, tanto gratuito quanto comercialmente o suprimento de alimentos para os países africanos. “Para ser específico, direi que nos próximos três a quatro meses estaremos prontos para fornecer a Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia entre 25 mil e 50 mil toneladas de grãos gratuitamente. Também forneceremos entrega gratuita desses produtos aos consumidores”, disse.

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Putin informou em seu discurso que, no ano passado o volume de comércio de alimentos entre Rússia e África aumentou 10%, somando US$ 6,7 bilhões. Já no período de janeiro a junho de 2023, o comércio cresceu mais 60%. “Se durante todo o ano passado a Rússia enviou 11,5 milhões de toneladas de grãos para o continente africano, desde o início do ano esse número já chega a 10 milhões de toneladas”, disse.