Os líderes globais que estão falhando no teste de estresse do coronavírus

Está claro que alguns usaram o tempo que tinham para se preparar e agir no estágio crítico inicial do surto de forma muito menos eficiente do que outros

Bloomberg

(Foto: Alan Santos/PR)

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(Bloomberg) – Se um líder tiver um ponto fraco político, o novo coronavírus vai conseguir achá-lo.

É muito cedo para classificar países em suas respostas à pandemia cujo ciclo de vida provavelmente será medido em anos. No entanto, já está claro que alguns usaram o tempo que tinham para se preparar e agir no estágio crítico inicial do surto de forma muito menos eficiente do que outros.

Na China, o vírus revelou o vício prejudicial ao segredo, compartilhado por autoridades locais e pelo presidente Xi Jinping.

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A abordagem estrondosa do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, custou não apenas tempo, mas quase a vida dele.

Nos Estados Unidos, o estilo caótico de gestão do presidente Donald Trump e a politização do surto parecem ter dificultado uma resposta federal rápida e coordenada.

No antigo debate sobre se líderes são importantes para decidir a história, a resposta dos primeiros meses de 2020 é um retumbante “sim”, diz Francois Heisbourg, ex-funcionário dos ministérios de Relações Exteriores e da Defesa da França que agora assessora o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres.

Os custos de não atender às expectativas são altos. O número de mortos pelo vírus ultrapassa 330 mil, as cadeias de suprimentos globais se romperam e milhões de empregos foram destruídos. A estimativa da Bloomberg Economics, baseada em cenários otimistas de recuperação, projeta que a pandemia deve eliminar US$ 6 trilhões da economia global.

Grande parte do impacto político dos erros cometidos foi obscurecida até o momento por um sentimento de patriotismo que, com algumas exceções, protegeu líderes de todas as partes contra críticas e aumentou sua popularidade, um padrão familiar em tempos de guerra. Mas esse efeito protetor começa a desaparecer.

Na quarta-feira, o líder do Partido Trabalhista da oposição no Reino Unido, Keir Starmer, atacou Johnson no Parlamento por ter demorado para proteger casas de repouso do Covid-19, expandir testes e, agora, na implementação de políticas de rastreamento e isolamento que ajudaram a Alemanha e a Coreia do Sul a controlarem a pandemia.

Do outro lado do Atlântico, a crise sobrecarregou a tendência do presidente Trump de desprezar a ciência, politizar questões e instituições mais técnicas e evitar a cooperação internacional. Também interferiu para um papel ou mensagem federal consistente, impondo-se em algumas áreas e renunciando à responsabilidade em outras, e desviando a atenção para outros problemas com até 126 tuítes por dia.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro, que continua negando a seriedade do vírus, trocou dois ministros da Saúde durante a crise e entrou em conflito com governadores devido a restrições das quarentenas, destacando sua falta de experiência em um cargo executivo.

A liderança é apenas um fator que pode explicar as enormes variações no impacto que o Covid-19 teve em diferentes países. Entre os mais importantes: se os países tiveram experiência recente com epidemias semelhantes, uma razão pela qual nações da Ásia e da Australásia tendem a ser mais seguras em suas respostas. Outros fatores incluem demografia etária, densidade populacional, capacidade do sistema de saúde e cultura“O ressentimento em relação às autoridades é muito mais profundo do que era antes da pandemia”, disse Olga Kryshtanovskaya, socióloga especializada em elites da Universidade Estadual de Administração, em Moscou.

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