OMC faz corte “drástico” para expansão do comércio mundial em 2019, para 1,2%

Os economistas da Organização alertam que os riscos negativos permanecem altos por conta da guerra comercial

Estadão Conteúdo

Bandeiras da China e dos EUA (Crédito: Shutterstock)

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Por causa da escalada das tensões comerciais e a desaceleração da economia global, a Organização Mundial do Comércio (OMC) apresentou hoje o que chamou de um “corte drástico” em sua projeção para o crescimento das transações globais de 2019.

De acordo com a entidade que tem sede em Genebra, a expansão será de 1,2% este ano, bem abaixo da projeção apresentada apenas seis meses atrás, de 2,6%. Para 2020, a instituição também diminuiu sua estimativa de crescimento do comércio, de 3%, em abril, para 2,7% agora.

Os economistas da Organização alertam que os riscos negativos permanecem altos e que a projeção para o próximo ano depende de um retorno às relações comerciais “mais normais”. O prognóstico da entidade é a de que o Produto Interno Bruto (PIB) global suba 2,3% em 2020, mesmo patamar em relação à perspectiva para este ano, mas abaixo das taxas de 2,6% projetadas em abril para os dois períodos – considerando câmbio de mercado.

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A expectativa para 2020 leva em conta a diminuição do imbróglio sino-americano. “Os conflitos comerciais representam o maior risco negativo para a previsão, mas choques macroeconômicos e volatilidade financeira também são gatilhos em potencial para uma desaceleração mais acentuada”, escreveram os técnicos em documento divulgado esta manhã.

A OMC também ressaltou que indicadores relacionados ao comércio sinalizam uma trajetória preocupante para o comércio mundial, com base nas ordens de exportação globais e na incerteza da política econômica. O crescimento das exportações e importações, constatou a Organização, diminuiu em todas as regiões e em todos os níveis de desenvolvimento no primeiro semestre de 2019.

“As perspectivas sombrias para o comércio são desencorajadoras, mas não inesperadas. Além de seus efeitos diretos, os conflitos comerciais aumentam a incerteza, o que está levando algumas empresas a adiar os investimentos para aumentar a produtividade, essenciais para elevar o padrão de vida”, disse o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, no documento que apresenta as expectativas.

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“A criação de empregos também pode ser dificultada, pois as empresas empregam menos trabalhadores para produzirem bens e serviços para exportação”, continuou.

A resolução de desavenças comerciais permitiria aos membros da OMC evitar tais custos, segundo o diretor-geral. “O sistema comercial multilateral continua sendo o fórum global mais importante para resolver as diferenças e fornecer soluções para os desafios da economia global do século XXI. Os membros devem trabalhar juntos em um espírito de cooperação para reformar a OMC e torná-la ainda mais forte e eficaz.”

A desaceleração esperada para o crescimento econômico se deve ao aumento das tensões comerciais, conforme o relatório, mas também reflete fatores cíclicos e estruturais específicos de cada país, incluindo a mudança da postura da política monetária nas economias desenvolvidas e a incerteza relacionada ao Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia (UE). “Os riscos macroeconômicos estão firmemente inclinados para o lado negativo”, resumiu o documento.

A Organização explicou que, devido ao alto grau de incerteza associado às previsões de comércio nas condições atuais, a taxa de crescimento estimada para o comércio mundial em 2019 está dentro de um intervalo de 0,5% a 1,6%.

A entidade chegou a considerar que a expansão do comércio pode cair abaixo desse intervalo se as tensões comerciais continuarem a aumentar, ou superá-lo se começarem a diminuir. A faixa de valores prováveis é ainda mais ampla para 2020, variando de 1,7% a 3,7%, com melhores resultados também dependendo de uma diminuição das tensões comerciais.

Os riscos para a previsão da OMC, reforçou o relatório, estão fortemente pendendo para o lado negativo e dominados pela política comercial. Rodadas adicionais de tarifas e retaliação poderiam, assim, produzir um ciclo destrutivo.

A mudança das políticas monetária e fiscal também pode desestabilizar os mercados financeiros voláteis. Uma desaceleração mais acentuada da economia global pode produzir uma desaceleração ainda maior no comércio. E, finalmente, um Brexit sem acordo pode ter um impacto regional significativo, principalmente para a Europa.

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