Negociador japonês viaja aos EUA e vira “cobaia” para mundo entender tarifas de Trump

Mercado observa como Washington tratará aliado antes de negociar com outros países

Paulo Barros

FILE PHOTO: JO ministro da revitalização econômica do Japão, Ryosei Akazawa, chega à residência oficial do primeiro-ministro Shigeru Ishiba em Tóquio, Japão, em 1º de outubro de 2024. REUTERS/Issei Kato/Foto de arquivo
FILE PHOTO: JO ministro da revitalização econômica do Japão, Ryosei Akazawa, chega à residência oficial do primeiro-ministro Shigeru Ishiba em Tóquio, Japão, em 1º de outubro de 2024. REUTERS/Issei Kato/Foto de arquivo

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O principal negociador comercial do Japão, Ryosei Akazawa, viajou a Washington nesta quarta-feira (16) para iniciar conversas com autoridades dos Estados Unidos sobre tarifas impostas pelo governo Trump. A visita marca a primeira rodada de negociações desde que o presidente americano anunciou, em 2 de abril, tarifas generalizadas sobre importações, posteriormente suspensas por 90 dias após turbulência nos mercados.

O Japão foi o primeiro país convocado para as tratativas, tornando-se, segundo diplomatas ouvidos pelo Financial Times, um “teste” da estratégia comercial de Washington. Akazawa tem reuniões previstas com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o representante de Comércio, Jamieson Greer.

Entre os principais pontos em discussão estão a tarifa de 25% sobre automóveis japoneses, além da taxa global de 10% aplicada à maioria dos parceiros comerciais dos EUA. O Japão também enfrenta sobretaxas sobre exportações de aço e alumínio.

O premiê japonês, Shigeru Ishiba, classificou a situação como uma “crise nacional” e afirmou ao parlamento que seu governo não pretende retaliar, para evitar danos econômicos adicionais. Já Takeshi Niinami, presidente da Associação de Executivos Corporativos do Japão, afirmou que as negociações servirão como uma “vitrine” da abordagem dos EUA em disputas comerciais.

As exigências americanas incluem maior importação japonesa de gás natural liquefeito, maior acesso a produtos agrícolas dos EUA como arroz e trigo, e mudanças nos padrões de segurança automotiva que dificultariam a venda de veículos americanos no Japão.

O encontro também é observado de perto por outros países afetados pelas medidas protecionistas de Trump, que impôs tarifas de até 145% sobre produtos chineses. A China respondeu com tarifas de 125% sobre bens americanos, enquanto acusa os EUA de “chantagem” e pressiona por negociações com “respeito e benefício mútuo”.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas