Mudança de tom no discurso de Campos Neto hoje pode ser tiro no pé, afirma sócio fundador da Kapitalo

Até agora, ressalta Carlos Woelz, o BC fez política monetária de tentar conter as expectativas inflacionárias dando respostas de curto prazo

Estadão Conteúdo

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

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O sócio fundador da gestora Kapitalo, Carlos Leonhard Woelz, avalia que a mudança de tom do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que nesta terça-feira, 14, em evento do BTG Pactual sinalizou que os juros não devem subir de forma tão intensa quanto as apostas do mercado, foi uma “banho de água fria”, pois foi muito relevante. Ao mesmo tempo, ele ponderou que pode ser “um tiro no pé”.

Até agora, ressalta Woelz, o BC fez política monetária de tentar conter as expectativas inflacionárias dando respostas de curto prazo. “O BC errava no passado ao ser muito gradualista”, disse em evento da Eleven. O cenário para a inflação, afirmou Woelz, piorou muito nos últimos meses. “Está correndo o risco de perder um pouco o controle das expectativas e o mercado ir para cima deles.”

A maneira como o BC está fazendo a mudança de tom mostra que a instituição “quer errar para baixo”, elevando os juros de forma mais lenta. Se o BC alongar o horizonte de política monetária vai ser terrível, afirmou o gestor, pois não se sabe agora nem quem será o próximo presidente do Brasil. “O mercado pode interpretar isso como uma maneira de você fugir da responsabilidade de combater a inflação do ano que vem.”

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“Foi um tiro no pé enorme”, disse Woelz, destacando que o BC está mostrando pouca disposição de colocar os juros de forma mais rápida no nível que a taxa básica deveria estar. “Parece que é um Banco Central que se for errar, vai errar para baixo, mas não para cima.”

O gestor disse que vai esperar a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para ver se há mais informações da nova estratégia ou se não foi um erro de comunicação de Campos Neto, que está quebrando a estratégia feita até agora em direção a um maior gradualismo. “Não digeri ainda.”

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