Ministério da Saúde confirma primeiro caso de reinfecção por Covid-19 no Brasil

O caso é de uma médica de 37 anos que já havia testado positivo em junho; em outubro, o resultado do exame também foi positivo

Giovanna Sutto

(Getty Images)

SÃO PAULO – O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira (10) o primeiro caso de reinfecção por Covid no Brasil. A pasta afirmou que uma médica de 37 anos de Natal foi infectada em junho e, novamente, em outubro – 116 dias após o primeiro diagnóstico.

A identificação foi feita pelos governos do Rio Grande do Norte e também da Paraíba, onde a mulher também trabalha.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Rio Grande do Norte afirmou que o primeiro caso de reinfecção foi confirmado através da metodologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de sequenciamento genético, que mostrou que a médica foi infectada por duas linhagens diferentes do vírus. “Foi constatada a presença de linhagens distintas do vírus nas amostras coletadas, o que confirma o primeiro caso de reinfecção do país”, diz nota da secretaria.

Ainda, a secretaria ressaltou que há hoje nove casos de possíveis reinfecções notificados no Rio Grande do Norte, “sendo um confirmado, cinco em investigação e três com inviabilidade de análise.”

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O caso vinha sendo investigado desde o dia 23 de outubro, quando o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Norte (CIEVS-RN) recebeu uma notificação sobre a suspeita de reinfecção.

“A paciente, residente do município de Natal, 37 anos, é profissional de saúde em serviços no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Ela apresentou um quadro de síndrome gripal (cefaleia, dor abdominal e coriza) em 17 de junho de 2020 e coletou amostra para um teste de RT-PCR no Estado da Paraíba em 23 de junho de 2020, tendo resultado positivo”, diz a mesma nota.

Segundo o CIEVS-RN, em 11 de outubro de 2020, a paciente voltou a apresentar um quadro de síndrome gripal (incluindo fraqueza, dores musculares, dores de cabeça e distúrbios gustativos e olfativos). Em um novo teste, em 13 de outubro, também foi constado o resultado positivo. Após a investigação, as amostras foram encaminhadas para a Fiocruz, no Rio de Janeiro.

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Resposta do Governo Federal

“O Governo Federal está buscando o mais rápido possível a vacina confiável, segura e aprovada pela Anvisa, para que todos os brasileiros que desejarem possam ser imunizados”, afirma o Ministério da Saúde na nota divulgada nesta quinta-feira sobre o caso de reinfecção.

Nesta terça-feira (8), durante uma reunião com governadores, o governo federal prometeu agilidade na aquisição de vacinas e uma nova possibilidade, que poderia colocar a vacinação em prática, surgiu: ao usar a apelidada “Lei Covid” (n° 14.006/de 28 de maio de 2020) de base, seria possível usar da vacina no Brasil se o imunizante tiver o aval de uma agência sanitária no exterior, sem depender de uma aprovação nacional.

Na quarta-feira (9), Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, afirmou que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil pode começar em dezembro ou no início do ano que vem, entre janeiro e fevereiro.

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Sem motivo para preocupação

Segundo Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o caso confirmado de reinfecção não é suficiente para causar preocupação em relação ao avanço da doença.

O médico afirma que os casos de reinfecções de Covid-19 ao redor do mundo são “desprezíveis, se comparados ao total de casos”. “Em outras doenças, a reinfecção não acontece em um período tão curto de tempo, de poucos meses. Geralmente, vemos depois de anos. Isso porque, quando você pega o vírus, o seu corpo produz anticorpos. Então, quando a pessoa tem contato com o vírus pela segunda vez, o corpo já está preparado para lidar com isso – já que teve contato há pouco tempo. Assim, reinfecções nesses casos são raras”, explica Kfouri.

Ela ressalta ainda que os vírus sofrem mutações diárias. Esse comportamento que permite reconhecer que o vírus que circula em São Paulo é diferente do de Manaus, por exemplo.

“É muito difícil documentar casos de reinfecção justamente porque é necessário isolar o vírus e fazer o sequenciamento genético e detectar as diferenças entre eles, como foi feito. Se fizermos o sequenciamento e identificarmos exatamente a mesma sequência, portanto o mesmo vírus, isso significa que são resquícios do vírus que a pessoa já teve e não seria uma nova infecção”, explica Kfouri.

“É por meio das diferenças que conseguimos identificar as reinfecções. Porém, elas são pequenas transformações. É como se o vírus estivesse de óculos e bigode. Mas, ainda assim, por meio do sequenciamento, é possível reconhecê-lo. Ou seja, essas mudanças não mudam a direção do combate ao vírus, ou mesmo o rumo das vacinas. Por isso, não é preocupante”, afirma.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.