Milei desiste do Pacto de Maio, por atraso na aprovação da Lei de Bases

Presidente iria usar as comemorações do 25 de maio para anunciar 10 políticas de Estado previstas na nova legislação, mas demora do Senado atrapalhou seu planos

Roberto de Lira

O presidente da Argentina, Javier Milei, em Buenos Aires - 26/3/2024 (Foto: Agustin Marcarian/Reuters)

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O presidente da Argentina, Javier Milei, pretendia usar o evento de comemoração da Revolução de 1810, neste sábado (25), em Córdoba, como um marco para as mudanças que pretende implantar no país. Seria chamado de “Pacto de Maio”, com o anúncio de 10 políticas de Estado baseadas nas mudanças previstas na Lei de Bases em trâmite no Congresso. No entanto, o atraso na votação do texto no Senado obrigou um recuo do presidente, que agora vai tratar a data apenas como o tradicional Dia da Pátria.

Ele reconheceu isso em entrevista na noite de quinta-feira (23), em entrevista ao canal Todo Notícias (TN). “Não haverá Pacto de Maio porque não haverá a Lei de Bases”, declarou.

Para ele, o megaprojeto em análise pelo Senado constitui o que seria “um primeiro marco” da gestão do presidente libertário e sua aprovação permitiria avançar para uma nova fase do seu plano econômico. No entanto, uma eventual rejeição pelo Congresso pode levar a uma forte revisão interna do planos, com impactos até na formação do gabinete nacional.

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“Quando você consegue, você tem marcos. Nosso primeiro marco na gestão terminaria com o desfecho da Lei de Bases”, disse em outra entrevista, ao canal LN+. Ou seja, para cada cenário, o presidente disse que será feita uma “avaliação de resultados”, o que pode levar à saída de ministros.

Durante toda a quinta-feira, foi especulada a saída do chefe da Casa Civil, Nicolas Posse. Mas o presidente disse que não só ele estará na mira, mas “todos os ministros estão em análise.”

No caso de a lei ser aprovada, no entanto, Milei promete que o ex-presidente do BC Federico Sturzenegger, seu principal assessor para assuntos econômicos, entrará na equipe de ministros.

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O presidente disse ao LN+ que, mesmo com uma rejeição da legislação, o país teria condições de avançar. “Obviamente, em vez de baixar a inflação mais rápido, ela vai descer mais devagar”, ponderou.

Embora tenha dito que vai encarar uma derrota como parte da “lógica do sistema democrático”, ele apontou que alguma pessoas “não querem que a Argentina se saia bem porque, se correr bem, implicará um fracasso no que pensaram ao longo da vida”.

Sobre a recente alta no preço do “dólar blue”, cotação paralela da moeda americana mais utilizada na Argentina, ele negou que isso signifique uma “corrida ao câmbio”. Segundo ele, para que isso aconteça é preciso “ter pesos na rua”, algo que não acontece. Ele afirmou estar tranquilo “porque temos equilíbrio fiscal e estamos avançando na limpeza do Banco Central”.