Milei defende o livre mercado: “os preços são sagrados”

Para uma plateia de dezenas de empresários em Bariloche, presidente argentino disse que que seu programa de estabilização resultou em um ajuste sem precedentes de 13 pontos do PIB

Roberto de Lira

O presidente da Argentina, Javier Milei (Reprodução/página do porta-voz Manuel Adorni no X)

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O presidente da Argentina, Javier Milei, fez uma enfática defesa da liberdade de mercado nesta sexta-feira em seu discurso de encerramento do fórum de líderes empresariais, em Bariloche.  “Os preços são sagrados”, disse durante o evento exclusivo que aconteceu durante três dias no luxuoso hotel Llao Llao.

Mesmo fazendo essa defesa veemente, ele explicou que foi necessária uma medida aplicada sobre os preços do medicamentos pré-pagos no país como uma forma de coibir “práticas abusivas em termos de preços com base na posição dominante que essas empresas possuem”. O diagnóstico foi que era notória a concentração da oferta e a dificuldade dos usuários em mudar de fornecedor.

O presidente também afirmou que “a recuperação econômica virá de mãos dadas com o crédito”. Segundo o jornal Ámbito Financiero, a poupança fiscal praticada até aqui pelo seu governo permitiu recuperar vários pontos do PIB que antes era consumidos pelo Estado e que agora será usado para financiar o setor privado.

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O chefe de Estado iniciou sua fala referindo-se à difícil situação que teve que enfrentar quando assumiu o governo, com déficits tanto no Tesouro quanto no setor externo, o país sem reservas, com excesso de pesos na economia e com inflação no atacado de 17.000% ao ano, entre outros desequilíbrios.

Ele voltou a justificar a aplicação de uma política de choque porque, “não havia espaço para o gradualismo”.

Milei disse que seu programa de estabilização baseado tanto na política fiscal , como na monetária e cambial resultou em um ajuste sem precedentes de 13 pontos do PIB – fruto de uma correção de 7 pontos no déficit do Tesouro e mais 6 pontos no déficit fiscal.

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Ele aproveitou para dizer que rejeita políticas setoriais conhecidas como “escolher os vencedores”, ou seja, beneficiar ou promover determinadas atividades do Estado, “como eram as políticas aplicadas na época pelos países asiáticos”.

Ao defender os decretos e projetos de desregulamentação da economia, que estão em tramitação no Congresso, Milei disse esperar realizar mais de 3.000 reformas estruturais na Argentina.

Ele reiterou que seu objetivo é que o país esteja no caminho para ser uma economia tão desenvolvida quanto a da Irlanda.