Mercado imobiliário cresce no Estado de SP, mas de forma desigual, diz pesquisa

A cidade de São Paulo, maior mercado imobiliário do Brasil, teve um crescimento de 2,33% nas operações de compra e venda

Estadão Conteúdo

(Shutterstock)

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O mercado imobiliário tem mostrado uma recuperação lenta e gradual no Estado de São Paulo, com crescimento das atividades de compra e venda. No entanto, essa melhora ainda permanece restrita a algumas regiões, e não a todo o Estado.

Essas são as principais constatações do levantamento Indicadores de Registro Imobiliário, divulgado nesta segunda-feira, 30, pela Associação dos Registradores de Imóveis de São Paulo (Arisp) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

A pesquisa computou 575.043 operações de compra e venda de imóveis nos últimos 12 meses até junho de 2019, montante 1,55% maior do que no acumulado dos 12 meses encerrados em junho de 2018.

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O montante também é 16,2% maior do que no acumulado até a metade de 2016, quando o setor atingiu o nível de atividade mais baixo da série, com 494.853 transações, em meio à crise nacional. No entanto, ainda está 32,6% abaixo do ponto mais alto da série, na metade de 2012, com 631.899 transações.

“Após o período da crise, estamos na fase do retorno da liquidez”, avaliou o pesquisador da Fipe Eduardo Zylberstajn. Ele comentou que o preço dos imóveis caiu relativamente pouco durante os anos de crise no Brasil, o que inibiu as compras e vendas.

“Quem queria vender não aceitava baixar o preço. E quem queria comprar não se dispunha a pagar o valor pedido. Então as transações diminuíram, num ajuste pela liquidez. Agora estamos vendo uma retomada, o que pode até abrir espaço para um aumento nos preços no futuro”, completou Zylberstajn.

Os dados englobam números de 317 cartórios e 645 municípios paulistas, além de todos os tipos de imóveis – casas, apartamentos, terrenos, salas comerciais, lojas, galpões e fazendas – novos e usados.

As 575.043 operações de compra e venda respondem por 69,2% do total de 830.844 atividades imobiliárias apuradas, que envolvem também permuta, cessão de direitos, arrematação em hasta pública, doação, herança, desapropriação, dação em pagamento, entre outras.

Se considerado o total de atividades imobiliárias, o Estado mostrou um crescimento de 0,50% nos últimos 12 meses até junho de 2019 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Outra boa notícia para o setor é a queda na quantidade de imóveis retomados pelos bancos por falta de pagamento dos mutuários. Foram 7.840 nos últimos 12 meses até junho de 2019, 7,3% menos do que os 8.459 nos últimos 12 meses até junho de 2018.

“Com a melhora no cenário macroeconômico, redução leve do desemprego e queda dos juros, há menos pessoas inadimplentes”, apontou Zylberstajn.

Regiões

O levantamento separou os dados em 17 cidades e regiões. Em sete delas, as compras e vendas aumentaram, enquanto em dez, caíram.

A cidade de São Paulo, maior mercado imobiliário do Brasil, teve um crescimento de 2,33% nas operações de compra e venda, segundo os registros em cartório, ficando portanto acima da alta média de 1,55% no Estado.

As maiores altas foram registradas nas regiões de Campinas (12,86%), Vale do Paraíba (7,69%) e Itapetininga (6,80%). Já as maiores baixas ocorreram em Marília (-17,05%), litoral Sul (-15,87%) e Piracicaba (-5,36%).

“No geral, o mercado passou por uma melhoria, mas esse efeito é muito heterogêneo”, disse o pesquisador da Fipe. “Em algumas regiões, o mercado já esta bem mais forte. Em outros, essa melhora ainda não chegou”.

Referência internacional

A publicação dessa pesquisa, com dados inéditos, pode ajudar o Brasil a subir algumas posições no ranking organizado pelo Banco Mundial sobre os melhores países para fazer negócios, o “Doing Business”. Atualmente, o Brasil está no 109º lugar.

O ganho de colocações pode vir porque um dos dez temas avaliados pelo relatório do Banco Mundial é justamente o registro de propriedades, bem como seus custos e prazos em cada região. Na categoria de registros, o Brasil é um dos piores colocados, na 137ª posição, devido à carência de pesquisas sobre o volume de transações imobiliárias, o que deixa investidores no escuro sobre o nível de demanda no setor.

Os levantamentos já divulgados por associações empresariais até aqui – como os de Secovi, Abrainc e CBIC, por exemplo – usam dados baseados nos contratos de compromisso de compra e venda de apartamentos negociados na planta, informado pelas incorporadoras, o que representa só uma fatia no setor.

“Estamos mudando o padrão de transparência do mercado imobiliário no País. É a primeira vez que um Estado inteiro disponibiliza os resultados das operações”, destacou a coordenadora de pesquisas da Arisp, Patrícia Ferraz. “Isso permitirá uma mudança no padrão de investimentos públicos e privados por se entender como está a dinâmica do mercado em cada região”. avaliou.

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