Maquiagem verde é perigosa, mas discussão sobre o ESG é essencial, diz John Elkington, criador do termo “Cisnes Verdes”

Consultor diz esperar que o Brasil esteja no futuro na vanguarda das discussões sobre governança ambiental, mas espera uma mudança política para isso

Ricardo Bomfim

Crédito: Divulgação

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SÃO PAULO – Criador do termo “Cisnes Verdes”, o consultor britânico John Elkington alertou durante a Expert ESG, evento promovido nesta semana pela XP Investimentos, sobre o perigo da “maquiagem verde”, que ocorre quando uma empresa tem atitudes de fachada para se dizer sustentável enquanto pratica um negócio danoso ao meio ambiente.

Esse fenômeno, de acordo com Elkington, ganhou força especialmente depois que entrou na moda o termo ESG, que representa a busca por melhores práticas ambientais, sociais e de governança.

“O humano é um animal de rebanho. Sempre que um novo vocabulário surge as pessoas ficam menos confortáveis, a menos que possam se apropriar desses termos”, explicou. Na opinião do especialista, “a maquiagem verde” mostra o retorno de lobbies de indústrias como a do tabaco e da energia nuclear. Entretanto, ele vê com otimismo o maior debate em torno dessas pautas.

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“A maquiagem verde é muito perigosa, mas acho que toda nova linguagem nos leva a novos pensamentos. Se a discussão levar mais pessoas a visitarem fazendas regenerativas ou buscarem mais informações sobre a [fabricante de roupas americanas] Patagônia, já será um grande avanço. É assim que a evolução ocorre em nossa espécie”, defendeu.

Para o consultor, apesar da força que o ESG ganhou no mundo empresarial, é fundamental o papel dos governos em promover sustentabilidade. “As pessoas precisam de incentivos governamentais e regras claras”, comenta.

Elkington disse que gostaria de ver o Brasil no topo da lista dos países mais avançados em termos de incentivo ao ESG, mas que o País está bem distante disso atualmente devido ao discurso desenvolvido no governo Bolsonaro. “No momento é difícil estar otimista, mas movimentos políticos mudam”, comenta.

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O consultor rejeita a visão do ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, de que não é possível padronizar as demandas ambientais para países desenvolvidos e em desenvolvimento devido ao impacto muito maior que teve a industrialização de nações ricas.

“O custo para resolver problemas ambientais e semelhantes é muito alto. A China é um exemplo. Os custos da energia solar caíram muito graças à produção de painéis solares pela China. No entanto, hoje, a contaminação de solo e problemas hidrográficos afetam muito o país. Eles estão resolvendo seus problemas ambientais agora, mas não seria melhor já criar uma herança positiva no processo de crescimento?”, questiona.

Para Elkington, os desafios ambientais que existem hoje são muito grandes e massas de pessoas já estão sendo obrigadas a migrarem por conta dos efeitos das mudanças climáticas.

“Estamos no antropoceno, a primeira era geológica da Terra em que uma espécie é capaz de causar mudanças em toda a biosfera. O mundo em que a maioria de nós crescemos, da ordem pós-Segunda Guerra Mundial, está mudando e agora vivemos uma onda azul, em que as prioridades passam a ser a regeneração da economia, da sociedade, da política e do meio ambiente”, conclui o consultor.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.