IPCA sobe 0,84% em fevereiro, acima das estimativas; inflação em 12 meses fica em 5,60%

Indicador ficou acima do consenso Refinitiv que previa inflação de 0,8% no mês e de 5,54% na comparação anual

Roberto de Lira

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,84% em fevereiro acelerando ante os 0,53% de janeiro, somando agora cinco meses seguidos de alta, informou nesta sexta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 5,60%. No nao, No ano, a inflação acumula evolução de 1,37%.

Os dados ficaram acima do consenso Refinitiv que previa inflação de 0,80% no mês e de 5,54% na comparação anual.

Em fevereiro de 2022, a variação mensal tinha sido de 1,01%.

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Como esperado, o grupo Educação foi o destaque no índice de fevereiro, sendo responsável pelo maior impacto (0,35 ponto porcentual) e com a maior variação (6,28%). É a taxa mais alta desde fevereiro de 2004, quando teve variação de 6,70%.

Em seguida, vieram Saúde e cuidados pessoais (1,26%) e Habitação (0,82%), que aceleraram em relação a janeiro, contribuindo com 0,16 p.p. e 0,13 p.p, respectivamente.

Por outro lado, Transportes (0,37%) e Alimentação e bebidas (0,16%) tiveram variações inferiores às do mês anterior. Os demais grupos ficaram entre o 0,11% de Artigos de residência e o 0,98% de Comunicação.

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Pedro Kislanov, gerente da pesquisa, comentou em nota que fevereiro sempre muito marcado pela educação, pois os reajustes efetuados pelos estabelecimentos de ensino na virada do ano são contabilizados nesse mês.

“Normalmente, essa alta de educação fica indexada ao próprio IPCA, ou seja, o reajuste das mensalidades é baseado na inflação do ano anterior”, disse.

Educação

Dentro desse grupo, os preços dos cursos regulares subiram 7,58%, puxados pelas altas de ensino médio (10,28%), ensino fundamental (10,06%), pré-escola (9,58%) e creche (7,20%).

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O subitem ensino fundamental foi o maior impacto individual no índice do mês, com 0,15 p.p. Também se destacaram as altas do ensino superior (5,22%), dos cursos técnicos (4,11%) e de pós-graduação (3,44%).

Influenciado principalmente pelo aumento de 2,80% nos preços dos itens de higiene pessoal, o grupo Saúde e cuidados pessoais teve variação de 1,26%.

Após a queda de 5,86% em janeiro, os perfumes tiveram alta de 7,50% e contribuíram com 0,08 p.p. no índice do mês. Além disso, os preços dos produtos para pele subiram 4,54%, com impacto de 0,02 p.p. no IPCA de fevereiro.

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Também foi observada alta de 1,20% nos planos de saúde, que seguem incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023.

Habitação

No grupo Habitação (+0,82%), a maior contribuição (0,05 p.p.) veio da energia elétrica residencial (1,37%). As variações das áreas ficaram entre -2,04% em Rio Branco, onde houve redução de PIS/COFINS, até 6,98% em Belo Horizonte, onde as tarifas de uso dos sistemas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD) foram reincluídas na base de cálculo do ICMS, a exemplo do que ocorreu também em outras áreas, como Curitiba (5,94%) e Vitória (4,98%). O retorno dessa cobrança adicional ocorreu em virtude de decisão proferida recentemente pelo Supremo Tribunal Federal.

Vestuário recua

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, somente Vestuário apresentou variação negativa (-0,24%). As quedas das roupas masculinas (-0,58%) e femininas (-0,45%) impulsionaram o resultado. “Esse grupo vinha apresentando sucessivas altas há muito tempo. É natural, portanto, que os preços comecem a baixar”, acrescenta Pedro.

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Transportes

Em Transportes (0,37%), a maior contribuição (0,05 p.p.) veio da gasolina (1,16%), que foi o único combustível com alta em fevereiro. Etanol (-1,03%), gás veicular (-2,41%) e óleo diesel (-3,25%) tiveram quedas superiores a 1%. Os preços das passagens aéreas, que recuaram 9,38%, contribuíram para a desaceleração do grupo na comparação com o mês de janeiro (0,55%).

Alimentação

O resultado do grupo Alimentação e bebidas, por sua vez, sofreu influência da desaceleração da alimentação no domicílio, que passou de 0,60% em janeiro para 0,04% em fevereiro. Houve queda mais intensa nos preços das carnes (-1,22%) e foram registrados recuos nos preços da batata-inglesa (-11,57%) e do tomate (-9,81%), que haviam tido altas no mês anterior (14,14% e 3,89%, respectivamente). No sentido oposto, o destaque foi o leite longa vida (4,62%), cujos preços voltaram a subir após seis meses seguidos de quedas.

Regiões

Em relação aos índices regionais, todas as áreas tiveram alta em fevereiro. A maior variação foi em Curitiba (1,09%), devido às altas dos cursos regulares (5,97%), da gasolina (3,37%) e da energia elétrica residencial (5,94%). Já a menor variação foi registrada em Rio Branco (0,44%), onde houve queda de 2,04% da energia elétrica residencial.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC teve alta de 0,77% em fevereiro, acima do registrado no mês anterior (0,46%). No ano, o INPC acumula alta de 1,23% e, nos últimos 12 meses, de 5,47%, abaixo dos 5,71% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2022, a taxa foi de 1,00%.