Índice de preços de alimentos da FAO sobe 1,3% em julho, por tensão na Ucrânia e restrições ao arroz

Índice ainda ficou 11,8% abaixo do nível de julho de 2022; fim o acordo de grão no Mar Negro e chegada do El Niño preocupam

Roberto de Lira

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Os preços globais das commodities alimentares subiram em julho, influenciados pelo término da Iniciativa do Mar Negro – o acordo que permitia exportações de grãos da Ucrânia – e pelas novas restrições comerciais ao arroz, informou nesta sexta-feira (4) a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O Índice de Preços de Alimentos da FAO, que acompanha as mudanças mensais nos preços internacionais de commodities alimentares comercializadas globalmente, teve média de 123,9 pontos em julho, uma alta de 1,3% em relação ao mês anterior, mas ficou 11,8% abaixo do nível de julho de 2022.

O aumento foi impulsionado por um salto acentuado no Índice de Preços do Óleo Vegetal, que subiu 12,1% ante junho, após sete meses de quedas consecutivas. Os preços internacionais do óleo de girassol se recuperaram mais de 15% no mês, devido principalmente às incertezas renovadas em torno dos suprimentos exportáveis ​​após a decisão da Rússia de encerrar o acordo de grãos do Mar Negro.

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Os preços mundiais dos óleos de palma, soja e colza aumentaram devido às preocupações com as perspectivas de produção nos principais países produtores.

Cereais

Já o Índice de Preços de Cereais caiu 0,5% em relação a junho, impulsionado por uma queda de 4,8% nas cotações internacionais de grãos grossos devido ao aumento da oferta sazonal de milho das colheitas em andamento na Argentina e no Brasil e à produção potencialmente maior do que o previsto nos Estados Unidos.

No entanto, os preços internacionais do trigo subiram 1,6%, seu primeiro aumento mensal em nove meses, devido à incerteza sobre as exportações da Ucrânia, bem como às contínuas condições de seca na América do Norte.

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Arroz

O Índice de Preços de Arroz aumentou 2,8% no mês e 19,7% no ano, atingindo seu nível nominal mais alto desde setembro de 2011, já que a proibição de 20 de julho da Índia às exportações aumentou as expectativas de vendas maiores em outras origens, ampliando pressão de alta já exercida sobre os preços por ofertas sazonalmente mais apertadas e compras asiáticas.

Essa pressão de alta nos preços do arroz “aumenta preocupações substanciais de segurança alimentar para uma grande parte da população mundial, especialmente para os mais pobres e que dedicam uma parcela maior de sua renda à compra de alimentos”, alertou a FAO, acrescentando que as restrições à exportação podem suportar consequências adversas na produção, consumo e preços que perduram além da duração de sua implementação e correm o risco de exacerbar a alta inflação doméstica de alimentos em muitos países.

Açúcar

O Índice de Preços do Açúcar caiu 3,9% com o progresso na safra de cana-de-açúcar do Brasil e as chuvas na maioria das áreas de cultivo na Índia, que pesaram nas cotações mundiais, assim como a demanda moderada da Indonésia e na China, os maiores importadores de açúcar do mundo.

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As preocupações persistentes sobre o potencial impacto do fenômeno El Niño nas lavouras de cana-de-açúcar, juntamente com os preços internacionais mais elevados do petróleo bruto, atenuaram esse declínio.

Lácteos e carnes

O Índice de Preços de Lácteos  caiu 0,4% em julho, ficando 20,6% abaixo do valor de julho de 2022. Os preços mundiais do queijo se recuperaram ligeiramente após fortes quedas recentes, já que o clima quente afetou a queda sazonal na oferta de leite na Europa.

O Índice de Preços da Carne caiu 0,3% em relação a junho. As cotações de carne bovina, ovina e de aves diminuíram devido à sólida disponibilidade de oferta e, em alguns casos, à menor demanda dos principais importadores. Os preços da carne suína, por outro lado, subiram, refletindo a alta demanda sazonal juntamente com a escassez de oferta da Europa Ocidental e dos Estados Unidos da América.