IBC-Br em novembro mostra que atividade “andou de lado” no 4º tri, dizem economistas

Crescimento modesto, que beirou a estabilidade, trouxe certa frustração, uma vez que indicadores mensais de indústria, comércio e serviços tinham sido animadores

Roberto de Lira

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Ainda que tenha ficado praticamente estável em novembro, com uma alta de apenas 0,01% em novembro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) espelhou a melhora nas atividades da indústria, serviços e comércio antecipada por dados do IBGE. Os economistas acreditam que economia “andou de lado” no último trimestre de 2023, mas ponderam que há sinais de resiliência, mesmo com as condições financeiras, especialmente no crédito, continuando apertadas.

Para Matheus Pizzani, economista da CM Capital, o IBC-Br de novembro trouxe a combinação de diferentes sentimentos quando é feita a análise sob uma ótica macroeconômica. Por um lado, houve surpresa positiva, quando consideradas as estimativas de queda. Mas o crescimento modesto, que beirou a estabilidade, trouxe certa frustração, uma vez que as pesquisas setoriais no período foram animadoras.

“Neste sentido, é necessário ressaltar que, apesar de novembro de fato ter sido um mês mais positivo em termos de crescimento, a principal característica deste movimento foi o impacto dos efeitos sazonais sobre o nível de atividade, cujos efeitos puderam ser sentidos de maneira significativa nos setores de comércio e serviços”, avaliou.

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Entre esses efeitos sazonais, ele citou a realização da Black Friday no mês e o lançamento dos modelos 2024 de uma série de veículos, o que acabou impulsionando o resultado do setor. Além disso, uma série de eventos esportivos e culturais ajudaram a alavancar especialmente o desempenho dos serviços de alojamento e alimentação.

No entanto, Pizzani explicou que esses dados setoriais, quando suavizados dentro do cálculo do IBC-Br, foram incapazes de replicar a mesma força, devido aos os descontos oferecidos  e à própria característica de menor valor agregado dos serviços oferecidos por segmentos mais dinâmicos no decorrer do período.

“Destaques efetivamente positivos ficaram por conta do setor industrial, ainda que seu crescimento tenha sido impulsionado pela economia internacional, com a indústria extrativa apresentando a maior taxa de crescimento do período, e do mercado de trabalho, que segue operando com baixo nível de desemprego”, afirmou.

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O Santander, por sua vez, considerou que resultado do IBC-Br de novembro ficou acima das expectativas e impactou positivamente o acompanhamento do PIB do 4º trimestre, mas não altera a perspectiva de um resultado estável para o período.

“Nossa previsão para o crescimento para o ano de 2023 é de +2,8%. Continuamos a ver sinais de enfraquecimento da atividade doméstica no segundo semestre em comparação com o 1º semestre, especialmente para segmentos sensíveis ao ciclo”, disse o banco em relatório.

Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, acredita que o fraco desempenho do setor agrícola, que tem sofrido impactos do fenômeno climático El Niño, ajudou a segurar o indicador, mesmo num mês em que indústria, serviços e varejo estiveram mais fortes que o esperado.

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Ele disse ver um quadro de desaceleração, mas com alguns setores de atividade resilientes, mesmo em meio a condições crédito apertadas. Prova disso, é que a variação do IBC-Br em 12 meses saiu de uma alta de 2,5%, em setembro, para 2,3% em outubro e novembro.

A XP destacou que o IBC-Br veio praticamente em linha com suas as expectativas e que não houve revisões relevantes nas séries de dados, mantendo a proxy do Banco Central distante do PIB oficial no curto prazo. “Estimamos que a atividade doméstica tenha avançado modestamente no 4º trimestre.”