IBC-Br de novembro reforça projeções de PIB estável no 4º trimestre de 2021 e em 2022

Economistas reforçam cautela com os dados e chamam atenção para cenário ainda desafiador, em meio à Covid, incerteza política, juros e inflação em alta

Mariana Zonta d'Ávila

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Interrompendo uma sequência de quatro meses no vermelho, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), teve avanço de 0,69% em novembro na comparação com outubro, segundo dado dessazonalizado.

O resultado, divulgado nesta segunda (17) pelo Banco Central, ficou levemente acima da expectativa de economistas consultados pela Refinitiv, de avanço de 0,65%, e foi o mais forte desde a alta de 1,67% vista em fevereiro de 2021.

Para economistas do mercado financeiro, o dado é positivo, mas ainda não há espaço para grande ânimo, com as projeções apontando para um desempenho estável do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022.

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Em breve comentário, o banco Modalmais destaca que a alta no indicador reflete os crescimentos dos setores de serviços e do comércio varejista, que se sobrepuseram à queda na indústria, conforme apontado pelos indicadores mensais do IBGE.

Apesar do resultado positivo, Felipe Sichel, estrategista-chefe do Modalmais, avalia que a perspectiva para a economia continua preocupante. “O aperto das condições monetárias junta-se ao avanço da variante ômicron e deve impactar negativamente tanto a indústria quanto os serviços.”

Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, também chama atenção para a disseminação da Covid-19. Segundo ele, uma onda crescente de novas infecções somada ainda a uma inflação e taxa de juros elevadas, além de maior ruído e incerteza política devem gerar ventos contrários para a atividade no curto prazo.

Ainda assim, a expectativa de Ramos é de que alguns dos setores de serviços ainda impactados pela pandemia (em particular os serviços às famílias) se recuperem um pouco mais nos próximos meses, em conjunto com o avanço nos programas de vacinação contra a Covid, reabertura da economia e estímulo fiscal renovado.

Por conta da utilização de estimativas dessazonalizadas do IBC-Br, Rodolfo Margato, economista da XP, demanda cautela na análise, tendo em vista as mudanças muitas vezes acentuadas nas taxas de variação mensais do indicador (m/m) quando da incorporação de novos dados.

Ele destaca que a proxy mensal do PIB calculada pelo Banco Central apresentou declínio de 0,8% no trimestre móvel encerrado em novembro em comparação ao trimestre móvel encerrado em agosto – e que, por sua vez, o carrego estatístico para o quarto trimestre de 2021 (ou seja, assumindo taxa de variação nula em dezembro) corresponde a uma queda de 0,3% ante o terceiro trimestre.

Projeções para o PIB

Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, afirma que o dado divulgado nesta segunda deve cessar as revisões consecutivas para baixo do PIB em 2021, alimentadas por um fluxo de indicadores negativos.

Segundo ela, o IBC-Br de novembro reforça uma estabilidade do PIB no quarto trimestre, colocando um viés altista nas projeções da casa, dada uma dinâmica melhor do que a esperada, principalmente em veículos. A AZ Quest projeta um crescimento de 4,4% do PIB em 2021.

Com projeção preliminar de crescimento de 0,4% para o IBC-Br de dezembro na base mensal, a XP estima um PIB estável em 2022 (0%) após ter crescido 4,4% em 2021. Para 2023, a expectativa é de recuperação moderada da economia doméstica (expansão de 1,2%).

“Se nossa projeção para dezembro estiver correta, o IBC-Br exibirá estabilidade (0%) no 4º trimestre de 2021 em comparação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal (e recuo sutil de 0,1% ante o 4º trimestre de 2020)”, escreve Margato, da XP.

O relatório Focus, do BC, aponta para expectativa de crescimento de 4,50% do PIB em 2021, indo a 0,29% em 2022.

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