Haddad vê demora do Fed em cortar juros, mas diz que cenário externo deve desanuviar

Em entrevista, ministro também menciona desafios domésticos, mas diz acreditar em melhora a partir deste mês

Marcos Mortari

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva de imprensa, em Brasília
28/12/2023
REUTERS/Adriano Machado
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva de imprensa, em Brasília 28/12/2023 REUTERS/Adriano Machado

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta quinta-feira (12), que o mundo passou por frustrações de expectativas que afetaram a dinâmica de preços, como da própria cotação do dólar, mas que o cenário deve “desanuviar” a partir deste mês. As declarações foram dadas em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, do grupo de comunicação estatal EBC.

“O fato é que, no mundo todo, houve várias frustrações. O Fed está demorando para cortar juros. Muitos analistas estavam prevendo o primeiro corte em março. Nós, da Fazenda, estávamos esperando o primeiro corte em junho. E não veio. Aí começou-se a falar de um aumento dos juros ainda maior nos Estados Unidos. Isso criou um problema de comunicação, de descoordenação grande”, afirmou.

No cenário externo, Haddad também mencionou a alta dos juros promovida pelo Banco do Japão, indicações de desaceleração da economia chinesa e a queda dos preços de commodities como elementos que tumultuaram o ambiente para países emergentes com as características do Brasil.

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Já no plano doméstico, o ministro criticou a herança recebida pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), sobretudo na seara fiscal, e mencionou as questões dos precatórios e de novas despesas contratadas sem indicações de fontes de receitas, como no novo Fundeb. “Os problemas domésticos também afetam o dólar”, disse.

“Temos um desafio externo, temos um desafio interno, mas acredito que as coisas comecem a melhorar a partir deste mês”, afirmou.

Quanto à gestão do câmbio, Haddad disse que, no sistema flutuante, caso do atual modelo brasileiro, o Banco Central tem liberdade de fazer intervenções quando julgar necessário, mas sugeriu parcimônia.

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“Você pode fazer intervenções tópicas… O Banco Central tem liberdade para fazer essas intervenções quando são necessárias, tem feito muito pouco ─ e tem que ser parcimonioso mesmo nisso”, disse.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.