Guerra leva FMI a reduzir previsão do PIB mundial de 2022 de 4,4% para 3,6%

O fundo adverte que a guerra no leste europeu tornará mais elevados os preços de commodities e ainda mais persistente a alta inflação pelo mundo

Estadão Conteúdo

(Getty Images)

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A tragédia humanitária que ocorre na Ucrânia causada pela invasão do exército da Rússia gera consequências econômicas em todo o planeta e levou o Fundo Monetário Internacional a uma substancial redução da estimativa do crescimento global para 2022: de 4,4%, realizada em janeiro antes do conflito, para 3,6%.

O FMI adverte que a guerra no leste europeu tornará mais elevados os preços de commodities e ainda mais persistente a alta inflação pelo mundo, que já estava elevada devido às rupturas em cadeias de produção intercontinentais geradas pela pandemia. Para 2023, a instituição multilateral reduziu a previsão do PIB global de 3,8% para 3,6%.

A catástrofe vivida pelo povo da Ucrânia com os bombardeios russos provocaram uma depressão econômica no país. O FMI estima que o Produto Interno Bruto (PIB) daquela nação cairá 35% neste ano e não arriscou fazer nenhuma previsão para 2023, um fato inédito, como aponta o capítulo 1 do relatório Perspectiva Econômica Mundial.

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As sanções internacionais que a Rússia enfrenta devido às agressões bélicas também gerará um preço alto para as autoridades em Moscou em termos de crescimento. O Fundo prevê que o PIB do país liderado por Vladimir Putin deverá cair 8,5% neste ano e terá uma retração de 2,3% em 2023.

Segundo o FMI, a zona do euro deverá registrar também grandes impactos da guerra na Ucrânia, com o aumento dos preços de commodities, sobretudo energéticas, que deverá conter a demanda agregada a ponto de reduzir em 2022 a estimativa do crescimento da região de 3,9% para 2,8%, com efeitos maiores na Alemanha e Itália. A estimativa para o PIB da zona do euro baixou de 2,5% para 2,3% para o próximo ano.

Os EUA também serão afetados, mas em bem menores proporções, pelo conflito, especialmente com a redução das exportações para a Europa. O FMI reduziu a projeção de expansão da economia norte-americana de 4,0% para 3,7% para este ano, sobretudo por causa do aperto monetário que o Federal Reserve (o banco central norte-americano) passou a adotar a fim de combater a inflação. Estes fatores basicamente levaram a uma redução da previsão do PIB dos Estados Unidos de 2,6% para 2,3% em 2023.

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Em relação à China, o FMI reduziu a previsão de alta do PIB de 4,8% para 4,4% neste ano, especialmente devido às dificuldades impostas com a política de covid-zero no país oriental, embora a redução do nível de atividade global, com destaque na Europa, causado pela guerra, também tenha sido um fator relevante. Para o próximo ano, a projeção do PIB baixou marginalmente, de 5,2% para 5,1%.

Para o Japão, o Fundo diminuiu a estimativa de crescimento de 3,3% para 2,4% em 2022, com os efeitos da alta dos preços de petróleo para o consumo e com uma trajetória menos promissora para suas exportações. Contudo, a projeção subiu para o próximo ano, de 1,8% para 2,3%.

Neste contexto, o FMI reduziu as estimativas de alta do comércio internacional em volumes de mercadorias e serviços para este ano de 6,0% para 5,0%. Para 2023, a previsão de elevação do indicador recuou de 4,9% para 4,4%.

Cenário com mais sanções

O FMI destaca que todas as projeções macroeconômicas apontadas em seu cenário-base têm risco maior de piora por causa da guerra na Ucrânia.

Desde que surgiu a pandemia, o FMI destacou no documento Perspectiva Econômica Mundial previsões alternativas para a economia global de acordo com o ritmo de controle internacional da covid-19. Contudo, desta vez estas simulações foram substituídas por estimativas que consideram o conflito no leste europeu.

O Fundo analisa a hipótese de ocorrer um aumento expressivo das sanções comerciais e financeiras contra a Rússia em meados de 2022, com medidas adicionais contra importações de petróleo e gás natural, além do desligamento da Rússia de grande parte do sistema internacional financeiro e de comércio.

Em tais circunstâncias, haveria aumento de mercadorias essenciais com cotações globais, mais rupturas das cadeias mundiais de manufaturas e condições financeiras mais apertadas. “O resultado deste choque de oferta em um tempo no qual os preços de commodities e pressões inflacionárias já são elevados será uma mudança para cima das expectativas de inflação, o que requererá uma política monetária mais restritiva e amplificará ainda mais o impacto negativo na atividade global.”

Desta forma, o PIB mundial registraria uma redução próxima de 2% até 2023 em relação ao cenário-base. Tal impacto do conflito continuaria exercendo pressão negativa sobre o crescimento internacional, pois em 2027 ficaria 1% menor do que o esperado pelo Fundo, com mais da metade deste declínio vindo do enfraquecimento da atividade da Rússia.

O FMI estima que as cotações internacionais do petróleo subiriam 10% em 2022 e 15% em 2023, em relação ao cenário-base, com um aumento próximo a 20% do gás natural na Europa neste ano. Os preços de metais avançariam 5% neste ano e 7,5% no próximo. Em tais condições, haveria maior inflação global em 2022 e 2023, que segundo o FMI subiria “mais de 1 ponto porcentual” em ambos os anos. O núcleo da inflação aumentaria 0,5 ponto porcentual em 2023. Por outro lado, o Fundo avalia que os preços de produtos e serviços em termos globais baixariam em 2024 quando ficariam inferiores às suas previsões atuais.

Brasil

Também nesta terça-feira, o FMI elevou a projeção de crescimento do Brasil relativa a 2022, de 0,3% em janeiro para 0,8%. O País é um dos poucos que tiveram aumento de tal indicador. Para 2023, no entanto, o fundo diminuiu a estimativa de aumento do PIB brasileiro de 1,6% para 1,4%, um movimento em harmonia com a alteração adotada pela instituição oficial em termos globais.

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