Guedes defende redução de reservas internacionais para diminuir dívida bruta

"Foi isso que fizemos no ano passado. E o Banco Central pode fazer mais um pouco", afirmou

Estadão Conteúdo

(Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Publicidade

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta quarta-feira, 29, a venda de parte das reservas internacionais para reduzir o tamanho da dívida bruta em proporção do Produto Interno Bruto (PIB). “Foi isso que fizemos no ano passado. E o Banco Central pode fazer mais um pouco”, afirmou, em videoconferência com lideranças do setor varejista.

Ele lembrou ainda que cada 1 ponto porcentual de redução da taxa básica Selic significa uma economia de R$ 80 bilhões na conta de juros por ano. “Disseram que só iríamos reduzir dívida em 2022 e reduzimos no primeiro ano. Já baixamos R$ 120 bilhões em dívida, por enquanto”, completou.

O ministro relatou que teve nesta semana uma reunião sobre privatizações com outros ministros. Segundo ele, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar, mostrou que o Brasil tem ativos imobiliários que somam mais de R$ 1 trilhão, além de R$ 900 bilhões em empresas estatais.

Continua depois da publicidade

“Ou seja, temos uma dívida de R$ 4 trilhões e quase R$ 2 trilhões em ativos. Se acelerarmos as privatizações e a venda de imóveis, também podemos reduzir a dívida”, concluiu.

Pró-Brasil

Guedes destacou também os efeitos imediatos no mercado de capitais que os ruídos em torno do lançamento do programa Pró-Brasil causaram na semana passada. Anunciado pela Casa Civil, o programa prevê investimentos públicos de até R$ 50 bilhões em infraestrutura até 2022.

Leia também:
‘Não há nada de errado’, diz Guedes sobre suposto confronto com equipe econômica

Continua depois da publicidade

“Quando pareceu que Brasil ia fugir pra gastança, juros subiram e a bolsa caiu. Em dois ou três dias, destruímos R$ 250 bilhões em valor de mercado das empresas. Todo o recurso que o ministro Tarcísio precisa para investimentos evapora em minutos. Quando mostramos o compromisso fiscal, esses recursos voltam. E quando juros caem, o País economiza bilhões no pagamento da dívida”, afirmou, o ministro.

Juros baixos e câmbio mais alto

Guedes voltou a dizer que o panorama atual da economia brasileira é de juros baixos e câmbio mais alto – o que, segundo ele, ajuda a indústria. “Estamos com juros baixíssimos e podem cair mais”, completou.

Continua depois da publicidade

Competição

O ministro da Economia defendeu ainda que haja maior competição “no andar de cima” da economia, citando grandes bancos e empreiteiras. “Queremos ganhos de produtividade, com livre mercado, para aumentar os salários. Isso que vai dar segurança para os trabalhadores. Não queremos dar chuveirinho de dinheiro, como fizemos com o FGTS”, afirmou.

Para Guedes, não faltam dinheiro, trabalhadores e recursos naturais no mundo. “São trilhões de dólares sendo mal remunerados, boa parte a juros negativos. O que faltam são empreendedores. Às vezes existem fortunas feitas em Brasília, com pedidos de favores oficiais. Os empresários precisam criar produtos e empregos, e ajudar a criar um mercado de massa”, acrescentou.

Segundo o ministro, os empresários também têm de adotar medidas extraordinárias por causa da pandemia de covid-19. “Precisamos de vocês empresários fazendo testes semanais nos funcionários. Não estou defendendo que voltem todos ao trabalho, mas que isso seja feito com segurança”, completou.

Continua depois da publicidade

Guedes voltou a chamar a opinião pública de “quarto poder”. “A mídia é a melhor ferramenta para auxiliar democracia, as opiniões ajudam Congresso, onde tem muita gente querendo aprovar reformas para ajudar o Brasil. O quarto poder é a opinião pública, essa é a força da democracia. O povo que tem que dizer o que o governo deve fazer”, concluiu.