Georgieva, do FMI, diz que perspectivas continuam fracas e que países vulneráveis estão ficando para trás

Em reunião de BCs do G20, diretora do Fundo alerta que inflação é persistente, o que eleva os riscos de insegurança alimentar

Roberto de Lira

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva Foto: Mark Wilson/Getty Images)

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A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou hoje que as perspectivas de crescimento global a médio prazo permanecem fracas e que uma preocupação persistente é que há alguns bolsões da economia estão indo bem, mas outros estão enfraquecendo, ou seja, os países vulneráveis estão ficando para trás.

Georgieva, que está nesta terça-feira (18) na reunião dos Ministros das Finanças e Governadores de Bancos Centrais do G20 em Gandhinagar, na Índia, comentou ainda que há notícias animadoras em relação ao processo inflacionário no mundo. “A tendência é finalmente de queda, mas a inflação plena ainda é muito alta e o núcleo da inflação permanece rígido, apesar do aperto significativo da política monetária”, lembrou.

Ela alertou que os preços elevados de alimentos e fertilizantes são particularmente preocupantes, especialmente para as famílias de baixa renda, para as quais a insegurança alimentar e a desnutrição são agora muito mais persistentes.

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“Estamos, portanto, olhando para um quadro misto e os riscos permanecem no lado negativo. A inflação pode permanecer alta por mais tempo, exigindo ainda mais aperto da política monetária, e a fragmentação pode pesar ainda mais no crescimento”, afirmou.

Para mitigar esses riscos, ela fez um apelo aos líderes do G20 para que aproveitem a oportunidade para levar a economia global a um caminho mais vibrante de médio prazo. Isso requer ação de política doméstica e internacional.

Entre as sugestões da dirigente do FMI, estão a prioridade na redução da inflação, a reconstrução dos amortecedores fiscais – após um período de política excepcional de acomodação – e a realização de reformas que promovam o crescimento, para aumentar a produtividade e elevar os padrões de vida.

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“A digitalização é uma grande promessa se aprendermos com sucessos comprovados, como o da Índia em infraestrutura digital pública, como base para dinamismo e crescimento. Para apoiar esses esforços de reforma, o Fundo também expandirá seu trabalho na mobilização de recursos domésticos, melhorando a qualidade dos gastos dos países, construindo mercados de capitais profundos e melhorando o ambiente para investimentos privados – tanto domésticos quanto estrangeiros.”

Ela propôs ainda uma revisão da arquitetura financeira internacional, com o reconhecimento de que o mundo hoje é mais sujeito a choques e frágil, com mudanças climáticas, pandemias e a invasão da Ucrânia pela Rússia, todos causando um tumulto generalizado.

“A resiliência a choques não é distribuída uniformemente. Alguns países estão em melhor posição para proteger seu povo do que outros”, reforçou.

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Georgieva lembrou que, enquanto as economias avançadas e fortes dos mercados emergentes têm um colchão de mais de US$ 10 trilhões em reservas internacionais, o resto do mundo depende de recursos conjuntos de instituições internacionais como o FMI.

“Hoje, embora o FMI tenha quase US$ 1 trilhão em capacidade de empréstimo, os recursos de cotas – essenciais para garantir a previsibilidade do poder de fogo do FMI – encolheram em termos relativos. Apelo aos países do G20 para que restaurem a primazia dos recursos de cotas do FMI concluindo com sucesso a 16ª revisão de cotas até o final deste ano.”