Galípolo sinaliza que BC manterá ritmo de corte da Selic em 0,5 ponto, apesar do cenário global adverso

Segundo diretor do BC, cenário global é compensado por dinâmica doméstica benigna

Reuters

O economista Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central (Foto: Pedro França/Agência Senado)

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(Reuters) – O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira que um cenário internacional “desafiador” neste segundo semestre, agravado no fim de semana com o conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, está sendo compensado por um clima doméstico “mais benigno”, com sinais de desinflação em direção à meta de inflação da autarquia.

Falando por chamada de vídeo à reunião do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Galípolo disse que, além de a inflação brasileira estar apresentando comportamento benigno, o crescimento econômico veio em patamar maior do que se esperava no primeiro semestre.

“A gente tem agora um cenário mais desafiador do ponto de vista internacional nesse segundo semestre, com desafios novos que vão surgindo, inclusive como conflitos que surgiram ao longo deste final de semana com uma série de impactos na questão de preços internacionais”, disse referindo-se ao ataque realizado pelo grupo militante palestino Hamas a Israel no sábado, e à resposta israelense com ações militares na Faixa de Gaza, em um conflito que deixou mais de 1.200 pessoas mortas dos dois lados.

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“Mas (o cenário internacional) é compensado — se a gente quiser olhar o lado mais positivo aqui — por um cenário mais benigno do ponto de vista doméstico”, acrescentou.

Em sua fala, Galípolo também voltou a sinalizar a manutenção do ritmo de corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, repetindo que esse patamar permite à autoridade monetária ajustar a política monetária, assim como acompanhar os desdobramentos domésticos e externos.

“O Brasil conseguiu e consegue seguir em um corte de juros no ‘pace’ que foi anunciado, no passo que foi anunciado pelo Banco Central desde agosto, primeiro porque a inflação vem apresentando um comportamento benigno”, avaliou, destacando “surpresas positivas tanto no crescimento econômico quanto na inflação”.

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“Há um processo de desinflação em curso, lento, mas há um processo de desinflação em curso em direção àquilo que é a meta do Banco Central.”

A taxa Selic está atualmente em 12,75%, após dois cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual. O BC voltará a deliberar sobre os juros no final deste mês.

Galípolo destacou ainda que a inflação do setor de serviços segue resiliente, ao mesmo tempo que disse que ela é tradicionalmente mais resiliente, e fez a avaliação de que o mercado de trabalho aquecido não tem gerado pressões inflacionárias.

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“O objetivo de todos é a gente conseguir superar esses desafios domésticos e internacionais para que a gente possa ter juros e câmbio de uma maneira estável e duradoura em patamares que possibilitem o desenvolvimento econômico do país e a sociedade que a gente deseja construir.”