França entra no 10° dia de protestos contra reforma da Previdência, após 5ª feira de caos e destruição

O clima violento no país causou o adiamento da primeira viagem oficial ao exterior do Rei Charles III, que chegaria a Paris no dia 26

Roberto de Lira

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A França se prepara para o 10° dia seguido de greves contra a reforça da Previdência implantada pelo presidente Emmanuel Macron. Representantes de 13 dos maiores sindicatos de trabalhadores reafirmara na noite de quinta-feira (23) a intenção de manter a mobilização nas ruas das principais cidades do país e marcaram uma nova grande manifestação para o dia 28 de março.

Os protestos ontem, que segundo os manifestantes levaram 3,5 milhões de pessoas à ruas – o governo estima que foram cerca de 1,1 milhão de manifestantes – descambaram para a violência em várias cidades e mais de 400 pessoas foram presos.

Os jornais locais informam que cerca de 1,5 mil militantes identificados como “black blocs” fizeram barricadas, incendiaram lixeiras e atiraram pedras e outros objetos contra policiais em Paris. O dado oficial diz que 441 policiais e militares ficaram feridos nos protestos.

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As mesmas cenas de guerrilha urbana foram vistas em Rennes, Lyon e Bordeaux, cidade que teve a porta da prefeitura, uma relíquia do século XVIII, incendiada.

O clima violento no país causou o adiamento da primeira viagem oficial ao exterior do Rei Charles III. Ele deveria chegar a Paris no dia 26 e permanecer no país até o dia 29. Não há uma nova data marcada.

O jornal Libération informou que a Direção Geral de Aviação Civil pediu às companhias aéreas que cancelem um terço de seus voos previstos para o domingo no aeroporto de Paris-Orly e 20% na segunda-feira, devido à greve dos controladores de tráfego aéreo contra a reforma previdenciária.

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A reforma aumenta a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos em 2030 e adianta para 2027 a exigência de 43 anos de contribuição – e não os atuais 42 anos – como exigência para o pagamento de uma pensão integral.

Além da medida impopular, as críticas ao governo subiram o temperatura desde o último dia 16, quando primeira-ministra Elisabeth Borne anunciou que seria utilizado o artigo constitucional 49.3, que dispensava a apreciação da mudança pelos deputados, após a aprovação prévia no Senado. A partir daí, os protestos também ganharam a roupagem de defesa da democracia.