Fracasso na votação para porta-voz da maioria expõe racha do Partido Republicano na Câmara

Na terça-feira, o deputado Kevin McCarthy, que era o líder da minoria em 2022, não conseguiu a presidência da Casa após três votações

Roberto de Lira

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A terça-feira (3) que deveria marcar a retomada do controle da Câmara dos Estados Unidos pelo Partido Republicano terminou coma exposição pública da divisão do partido. Após três votações, o partido não conseguiu a maioria simples de 218 votos para a escolha de um porta-voz. O deputado Kevin McCarthy enfrenta forte resistência de um grupo de cerca de 20 deputados de uma ala conservadora mais radical, que pede concessões de poder que ele resiste em conceder.

Segundo a imprensa americana está foi a primeira vez em 100 anos que uma votação para líder da maioria não conseguiu aprovação no primeiro dia dos trabalhos. A votação foi adiada para a tarde desta quarta-feira (4), mas as negociações para conter o impasse continuaram à noite.

A estreia maioria que os republicanos conseguiram nas eleições de meio de mandato (“midterms”) em novembro – 222 deputados contra 212 dos democratas – exige um apoio quase unânime para a aprovação do novo presidente da Casa, o que eleva a força de qualquer grupo dissidente.

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Sem conseguir escolher um porta-voz, os republicanos atrasam o início de uma agenda que prometia dores de cabeça para a administração do democrata Joe Biden, uma vez que os legisladores não podem ser empossados e nenhuma votação pode acontecer. Para ontem, por exemplo, estava prevista a votação redução do financiamento para o Internal Revenue Service, um órgão ligado ao Departamento do Tesouro.

Os republicanos dissidentes querem mais poder e flexibilização na apresentação de projetos de lei ao plenário, mais participação em comissões importantes e manter a possibilidade de fazer uma moção de censura, o que facilitaria a derrubada do líder da maioria, como já aconteceu em 2015, com ex-presidente da Casa, John Boehner. McCarthy já cedeu nesse ponto, mas sua resistência aos demais pontos manteve o impasse.

No final da terça-feira, quando McCarthy deixou o Capitólio, ele disse que estava continuando as negociações com os legisladores e que, sob nenhuma circunstância, abandonaria a disputa pelo cargo de orador.

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Já o líder democrata Hakeem Jeffries, de Nova York, recebeu todos os 212 votos democratas nos três turnos de votação ontem e os legisladores do partido já sinalizaram que não têm interesse em um acordo para ajudar McCarthy a chegar à maioria.

O presidente da Câmara determina quais projetos de lei chegam ao plenário e é responsável por conduzir a legislação obrigatória, como projetos de lei de gastos, que normalmente precisam de apoio bipartidário e de negociação negociar com os líderes do Senado e a Casa Branca. Os democratas continuam a controlar o Senado.