Fitch mantém rating dos EUA em observação negativa, apesar de acordo por teto da dívida

Agência nota que houve uma deterioração constante na governança nos últimos 15 anos, com maior polarização política e partidarismo.

Estadão Conteúdo

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Apesar da resolução do impasse do teto da dívida dos Estados Unidos, a Fitch manteve a classificação do país em observação negativa, considerando todas as implicações do mais recente episódio e as perspectivas para as trajetórias fiscais e da dívida a longo prazo. Em relatório, a agência afirma que a suspensão do limite da dívida ficou em linha com as suas expectativas e com o rating soberano “AAA” dos EUA, mas nota que houve uma deterioração constante na governança nos últimos 15 anos, com maior polarização política e partidarismo.

“Chegar a um acordo apesar do partidarismo político acalorado e, ao mesmo tempo, reduzir modestamente os déficits fiscais nos próximos dois anos são considerações positivas”, avalia a agência.

No entanto, a Fitch acredita que repetidos impasses políticos em torno do limite da dívida e suspensões de última hora antes da data x (quando a posição de caixa do Tesouro e as medidas extraordinárias se esgotam) reduzem a confiança na governança em questões fiscais e de dívida.

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Como exemplos, a Fitch cita a contestada eleição de 2020, as repetidas provocações sobre o limite da dívida e o fracasso em enfrentar os desafios fiscais dos crescentes gastos obrigatórios, que levaram ao aumento dos déficits fiscais e da carga da dívida. A agência acredita que a classificação dos EUA é apoiada por pontos fortes excepcionais, incluindo o tamanho da economia, alto PIB per capita e ambiente de negócios dinâmico.

O dólar americano é a moeda de reserva mais proeminente do mundo, o que dá ao governo uma flexibilidade de financiamento incomparável, avalia. No entanto, “alguns desses pontos fortes podem ser corroídos com o tempo por deficiências de governança”, pondera a Fitch.

A agência pretende rever a observação negativa do rating dos EUA no terceiro trimestre de 2023. “A coerência e a credibilidade da formulação de políticas, bem como as esperadas trajetórias fiscais e da dívida de médio prazo serão fatores-chave em nossa avaliação”, diz a agência.