Fed mantém juros e vê taxa perto de zero pelo menos até 2023

A reunião foi a primeira após o anúncio oficial da mudança do arcabouço de política monetária dos EUA

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Federal Open Market Committee (Fomc) manteve os juros na banda entre 0% e 0,25% em decisão de política monetária nesta quarta-feira (16). O comitê de política monetária do Federal Reserve também decidiu manter a taxa de desconto em 0,25% e a taxa de juros sobre excesso de reservas (IOER, na sigla em inglês) em 0,10%.

Além disso, sinalizou que deve manter os juros perto de zero ao menos até 2023 para ajudar a economia dos EUA a se recuperar da pandemia do coronavírus.

O Fomc apontou que “espera manter essa postura de política monetária até que as expectativas de inflação fiquem bem ancoradas em 2% ao ano” o que, segundo as projeções do comitê, não ocorrerá antes de 2023.

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O placar da votação foi de 8 a 2, com Robert Kaplan (presidente do Fed de Dallas) e Neel Kashkari (presidente do Fed de Mineapólis) sendo os votos dissidentes.

Além disso, a autoridade monetária sinalizou que espera manter o atual patamar de juro até que o mercado de trabalho tenha alcançado níveis consistentes com avaliações de pleno emprego, reiterando o compromisso de usar todas as ferramentas para apoiar a economia americana.

O Fed projeta queda do PIB de 2020 menor do que a estimativa anterior, mas crescimento em 2021 e 2022 mais lento do que projetado anteriormente, repetindo que a trajetória da atividade continua dependendo significativamente do curso do surto do coronavírus.

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Em novas projeções econômicas, as autoridades do Fed veem a contração da atividade em 3,7% neste ano, pela mediana das estimativas, contra queda de 6,5% projetada em junho.

Para 2021, a expectativa agora é de crescimento de 4,0%, menos do que os 5,0% de avanço da mediana das projeções de junho. Em 2022, a projeção é de um avanço do PIB de 3,0% (de 3,5% anteriormente). No mais longo prazo, a previsão é de crescimento de 1,9% (de 1,8% em junho).

O Fed também espera que a taxa de desemprego continuará a cair. De acordo com as previsões atualizadas, divulgadas nesta quarta-feira, 16, a taxa de desemprego deve ficar em 7,6% em 2020, quando em junho a expectativa era de 9,3%.

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Para 2021, a previsão em junho era de 6,5%, mas agora está em 5,5%. Para 2022, ela passou de 5,5% para 4,6%. Em 2023, a projeção está em 4,0%. No longo prazo, a mediana das expectativas é de taxa de desemprego de 4,1%.

A autoridade monetária também elevou projeções para o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida da instituição. De acordo com as atualizações divulgadas, a mediana das projeções para o PCE em 2020 subiu de 0,8% (em junho) para 1,2%. Para 2021, ela passou de 1,6% em junho para 1,7% agora.

No ano de 2022, a mediana das projeções para o PCE é de alta de 1,8%, quando em junho era de 1,7%. Em 2023, ela está em 2,0%, a mesma taxa de longo prazo nas projeções. Para o núcleo do PCE, os dirigentes esperam 1,5% em 2020 (de 1,0% em junho), 1,7% em 2021 (de 1,5%) e 1,8% em 2022 (de 1,7% em junho). Em 2023, a expectativa para o núcleo do PCE é de avanço de 2,0%.

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Outra sinalização foi de que a autoridade monetária vai manter as compras dos títulos do Tesouro norte-americano e de ativos lastreados por agências pelo menos no atual ritmo, de forma a auxiliar a estimular as condições financeiras acomodatícias.

Em coletiva de imprensa após a reunião, Jerome Powell, presidente do Fed, reiterou que o gasto do consumidor recuperou cerca de 75% de sua queda e que a atividade econômica acelerou ante o nível deprimido no segundo trimestre, enquanto há sinais de melhora no investimento empresarial.

Contudo, apontou que a atividade econômica em geral permanece bem abaixo dos níveis pré-pandemia e que o caminho segue nebuloso, ressaltando: “perspectiva para economia segue extraordinariamente incerta”. Assim, embora tenha ocorrido melhora na atividade, o BC americano continua empenhado em usar toda a gama de ferramentas e que a economia precisará de mais apoio fiscal e monetário.

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Powell apontou ainda que a pandemia tem deixado marca significativa na inflação. Segundo ele, a demanda mais fraca em alguns dos setores mais afetados tem segurado os preços ao consumidor, fazendo com que a inflação esteja abaixo do objetivo da autoridade monetária: “apesar de preços mais altos em alguns bens de consumo, a inflação geral segue contida”.

Novo arcabouço

A reunião foi a primeira após o anúncio oficial da mudança do arcabouço de política monetária dos EUA e, por conta disso, levava um fator adicional de atenção para os investidores.

A estrutura recém-adotada promete lançar a inflação para o patamar acima de 2% para compensar períodos, como o atual, em que está abaixo da meta.

A estratégia significa que a autoridade monetária pode manter taxas a níveis estimulativos mesmo se o desemprego continuar a cair em um ritmo mais rápido do que o esperado.

(Com agências)