Fed e El Niño levam emergentes a rever ritmo de cortes de juros, mas Brasil é exceção

Os juros futuros na América Latina precificam menos cortes de juros do que antes

Bloomberg

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Bloomberg — Muitos bancos centrais de nações emergentes se juntam aos pares de países desenvolvidos ao resistirem às expectativas de uma flexibilização monetária rápida, e os mercados já refletem essa mudança de tom.

Os juros futuros na América Latina precificam menos cortes de juros do que antes. O Brasil é a exceção.

Na Ásia, os investidores praticamente descartam a perspectiva de uma política monetária mais branda nos próximos 12 meses. A mudança foi impulsionada pela retórica de juros “mais altos por mais tempo” do Federal Reserve, o banco central americano, mas também pela necessidade de defender as moedas e pela ameaça do El Niño à inflação de alimentos.

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Embora gigantes de investimentos como BlackRock apostem que o ciclo de aperto nos Estados Unidos já chegou ao fim, as expectativas de que a política monetária permanecerá restritiva representa mais problemas para os mercados emergentes.

Um indicador da Bloomberg para dívida em moeda local de emergentes registrou perda de 2% em agosto, o pior mês desde fevereiro, enquanto um índice de moedas de emergentes caiu 1,5%.

“As perspectivas de inflação para os mercados emergentes se tornaram mais incertas, em contraste com a desinflação generalizada dos últimos quatro a cinco meses”, afirmou Jon Harrison, diretor-gerente de estratégia macro para mercados emergentes da GlobalData TS Lombard, em Londres.

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“Os títulos de mercados emergentes em moeda local também podem estar em risco nos próximos meses devido a um novo fortalecimento do dólar ou a mais aumentos do Fed, mas ainda não chegamos a esse ponto.”

Brasil é exceção

Na América Latina, o mercado ficou menos dovish (isto é, mais brando, favorável a juros mais baixos) desde o início de agosto, sobretudo no Chile, México e Colômbia. O Brasil é a exceção. Os juros futuros caíram depois que o banco central surpreendeu com o corte de 0,50 ponto percentual da Selic em 2 de agosto.

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Os policymarkers na “Europa emergente” estão provavelmente mais agressivos. O governador do banco central tcheco, Ales Michl, disse na semana passada que a inflação continuava demasiadamente elevada e as discussões em Jackson Hole confirmaram que o plano do país para manter a política monetária restritiva era a estratégia certa. Os investidores não devem presumir que novos cortes continuarão automaticamente, disse também o vice-governador do banco central da Hungria, Barnabas Virag, na semana passada.

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