EUA estão perto de déficit de carne com mais frigoríficos parados

A capacidade de de carne suína dos EUA foi reduzida em quase 30% e as primeiras grandes processadoras de aves fecharam na sexta

Bloomberg

(Shutterstock)

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(Bloomberg) – Com as paralisações de frigoríficos devido ao aumento dos casos de coronavírus entre trabalhadores, os Estados Unidos correm cada vez mais risco de ficar sem carne.

A capacidade de de carne suína dos EUA foi reduzida em quase 30%, as primeiras grandes processadoras de aves fecharam na sexta-feira e especialistas alertam que o país pode enfrentar déficits em questão de semanas. O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango e bovina, registrou a primeira grande paralisação com a interdição de uma unidade de abate de aves da JBS (JBSS3), a maior processadora de carne do mundo. Operações-chave também foram suspensas no Canadá, sendo a mais recente uma processadora de aves na Colúmbia Britânica.

Embora centenas de frigoríficos no continente americano ainda estejam funcionando, a rápida paralisação do fornecimento desperta a preocupação sobre déficits globais. Juntos, EUA, Brasil e Canadá respondem por cerca de 65% do comércio mundial de carne.

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“É absolutamente sem precedentes”, disse Brett Stuart, presidente da consultoria Global AgriTrends, com sede em Denver. “É uma situação de perde-perde, em que temos produtores em risco de perder tudo e consumidores em risco de pagar preços mais altos. Em uma semana, restaurantes podem estar sem carne moída in natura.”

O suprimento total de carne nos EUA em frigoríficos de armazenamento a frio equivale a aproximadamente duas semanas de produção. Como a maioria das paralisações deve durar cerca de 14 dias por razões de segurança, isso destaca ainda mais o potencial de déficits.

Inspetores doentes

Ao mesmo tempo, funcionários federais dos EUA responsáveis pela inspeção de frigoríficos estão ficando doentes. Mais de 100 pessoas do serviço de inspeção deram positivo para o Covid-19, confirmou o governo. Pelo menos duas mortes de fiscais foram relatadas.

Os inspetores dos EUA visitam vários frigoríficos. Isso aumenta o receio de que as paralisações continuem ocorrendo se um agente federal doente contagiar outras pessoas em um frigorífico onde ainda não há surto.

No Brasil, a processadora de aves da JBS em Passo Fundo foi obrigada a suspender as operações, de acordo com Priscila Schvarcz, promotora de trabalho no município. Há cerca de 48 casos entre os funcionários, com 27 testes positivos e outros confirmados por critérios epidemiológicos, de acordo com dados mais recentes das prefeituras de Passo Fundo e de municípios vizinhos compilados pelo Ministério Público do Trabalho.

A JBS disse que as medidas implementadas na unidade “atendem em 100% as orientações da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia” e estão “totalmente amparadas em laudos e recomendações técnicas dos órgãos de saúde e especialistas da área médica”. A empresa acredita que as operações serão retomadas em breve e acrescentou que “a proteção dos funcionários sempre foi o primeiro objetivo da JBS desde o início da pandemia”.

A paralisação ocorre em meio a um salto dos casos de Covid-19 no Brasil.

“As empresas brasileiras de carnes estão tomando muitas medidas preventivas, mas não vemos progresso na aglomeração de pessoas”, disse Jose Modelski Junior, porta-voz da Contac, que representa trabalhadores da indústria de alimentos. “Elas não estão dispostas a mudar o número de trabalhadores no mesmo turno, e estamos preocupados com isso.”

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