EUA e China deixam porta aberta ao diálogo após reunião tensa

Negociações em Tianjin podem ser o primeiro passo para um encontro entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping

Bloomberg

Bandeiras da China e EUA (Foto: Getty Images)

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(Bloomberg) — Estados Unidos e China deixaram aberta a possibilidade de uma cúpula com seus presidentes, apesar de um dia polêmico de negociações entre autoridades de ambos os lados na cidade de Tianjin.

Durante reunião na segunda-feira, o vice-ministro de Relações Exteriores da China, Xie Feng, disse durante a visita da secretária de Estado adjunta dos EUA, Wendy Sherman, que o relacionamento entre os dois países vive “um impasse e enfrenta sérias dificuldades”. Xie apresentou à número 2 da diplomacia dos EUA duas listas de exigências que, segundo ele, são necessárias para estabilizar os laços, incluindo “equívocos dos EUA que devem parar” e “casos individuais importantes sobre os quais a China está preocupada”, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua.

Autoridades do governo Biden disseram a repórteres depois da visita que Sherman, que também se encontrou com o ministro de Relações Exteriores, Wang Yi, estava focada em identificar barreiras no relacionamento, e não em negociar questões específicas. Mesmo tendo descrito as conversas como diretas e profissionais, disseram que, em alguns momentos, o diálogo foi tenso.

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No entanto, as negociações em Tianjin – cerca de 100 quilômetros ao leste de Pequim – podem ser o primeiro passo para um encontro entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping, possivelmente em uma cúpula do G20 em outubro.

“A secretária adjunta destacou que o Estados Unidos acolhem bem a acirrada competição entre nossos países – e que pretendemos continuar a fortalecer nossa competitividade -, mas que não buscamos conflito com a RPC”, disse o Departamento de Estado em comunicado, referindo-se à República Popular da China.

O desafio enfrentado pelos governos de Washington e Pequim é mostrar que podem lidar com suas divergências sem dar a impressão à população de cada país que estão cedendo. Isso tem se mostrado uma tarefa difícil, devido ao ressentimento que muitos no governo chinês ainda nutrem após a guerra comercial iniciada sob o comando do ex-presidente Donald Trump e em meio a divergências sobre Xinjiang, Taiwan e Hong Kong.

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O malabarismo das críticas foi ilustrado na “leitura” do Departamento de Estado resumindo as conversas de Sherman.

Depois de uma série de críticas – como “a repressão antidemocrática em Hong Kong”, “o genocídio e crimes contra a humanidade em Xinjiang”, a conduta de Pequim no ciberespaço e “Estreito de Taiwan” -, o departamento mudou de tom para concluir, “ao mesmo tempo, a secretária adjunta afirmou a importância da cooperação em áreas de interesse global, como crise climática, combate aos narcóticos, não proliferação e preocupações regionais”.

Os comentários de Xie mostram que as negociações foram “realmente muito difíceis” e “parecem uma continuação” das tensas reuniões de março no Alasca, disse Zhu Feng, professor de relações internacionais da Universidade de Nanjing. “Seus comentários também visam transmitir confiança à população chinesa de que o governo não vai sucumbir diante da pressão cada vez maior do lado dos EUA.”

No início do mês, Xi sinalizou que seu governo seria mais assertivo no cenário mundial, dizendo em discurso que marcou o 100º aniversário do Partido Comunista no poder que o povo chinês “nunca permitirá que forças estrangeiras nos intimidem” exerçam coação e escravizem.

Entre as exigências listadas por diplomatas chineses estavam a revogação de sanções a autoridades e departamentos governamentais chineses e o fim dos esforços dos EUA para extraditar a diretora financeira da Huawei Technologies, Meng Wanzhou, do Canadá, questão que tem sido grande obstáculo entre as nações.

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