EUA divulgam PIB do 4° tri e mercado espera pistas sobre intensidade do pouso da economia

Economia avançou 3,2% no 3° tri e projeções divergem sobre manutenção ou perda do ritmo no final do ano passado

Roberto de Lira

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O Estados Unidos divulgam nesta quinta-feira (26) sua primeira prévia do Produto Interno Bruto do quarto trimestre de 2022 e podem começar a responder uma pergunta crucial: qual a intensidade do “pouso” da economia em 2023?

A última revisão que o Bureau of Economic Analysis fez referente ao terceiro trimestre (de um crescimento de 2,9% para 3,2%) mostrou que a atividade avançava mais aceleradamente que o esperado. Para o último quarto do ano passado, as projeções vão de cerca de 2% até 3,6%.

A estimativa do Fed de Atlanta, que tem o seu próprio modelo de projeções, o GDPNow, apontou para o crescimento real do PIB de 3,5% no quarto trimestre de 2022, quase o dobro da média do mercado.

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Carlos Vaz, CEO e fundador da Conti Capital, está na ponta dos que acreditam num alta mais forte, entre 3,2% e 3,6%. Isso considerando que o mercado de trabalho ainda tem se mostrado forte e que os gastos dos consumidores estão mantendo a economia dos EUA – apesar do aumento das taxas de juros afetando algumas empresas e setores. “Ainda vejo que é possível que os EUA conquistem um pouso econômico suave”, previu.

Mas ele disse ver que o impacto da alta de juros deve levar a uma retração no início de 2023. “Normalmente, quando as taxas de juros sobem rapidamente, ocorre uma recessão econômica. Nesse caso, poderemos ver os EUA entrarem em uma recessão técnica já no segundo trimestre”, alertou.

Porém, ele não acredita que esse período será duradouro ou severo, visto que cada local e setor vai sentir os efeitos dessa recessão de uma maneira diferente, a depender da solidez ou resistência que adquiriu até aqui.

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A expectativa de Gustavo Sung, economista chefe da Suno Research, é diferente. Ele acredita numa desaceleração já no último trimestre do ano passado, com previsão de crescimento de 2,0%.

“No ano passado, a economia cresceu devido, principalmente, aos efeitos da abertura pós-pandemia e o mercado de trabalho bastante resiliente. Porém, as altas dos preços dos combustíveis, energia, aluguéis e serviços foram os itens que mais impactaram a economia norte-americana. Para contornar esse problema, o Fed vem elevando as taxas de juros”, justificou.

Para ele, a o atual ciclo de alta de juros e a ainda elevada inflação tem desacelerado alguns setores da economia. “Por exemplo, as vendas de casas caíram pelo décimo primeiro mês consecutivo, entre fevereiro e dezembro. Os PMIs continuam abaixo dos 50 pontos, refletindo uma contração na economia norte-americana”, listou.

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Para 2023, a expectativa da Suno é de um crescimento de apenas 0,4% no ano, pelo efeito dos juros mais altos. Mas Sung acredita que o pior momento deve ser na primeira metade do ano. “Vemos um segundo semestre mais animador, frente à retomada da economia chinesa, melhora nas cadeias produtivas globais e controle dos preços no país”, afirmou.

Ele também acredita que, mesmo com o emprego ainda resiliente, como mostram os dados recentes do payroll, a inflação desacelerando e as expectativas ancoradas devem permitir que o Fed reduza suas taxas ainda no final deste ano.

Para a consultoria Wagner Investimentos, os indicadores antecedentes já apontam para uma recessão neste ano, mas os dados reais (emprego e PIB) ainda não. “Bancos Centrais sempre tomam as suas decisões com base nos dados reais, não com base em indicadores antecedentes. E o Fed nunca parou de subir juros enquanto a taxa real da economia muda de negativa para positiva”, comentou em relatório.

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Ou seja, se os dados de janeiro e fevereiro do payroll não mostrarem enfraquecimento do mercado de trabalho e se a inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) não convergir para 5%, o discurso do Fed continuará mais duro e será negativo para ativos de risco.