“Estamos muito mais preocupados com o lado fiscal do Brasil agora”, diz S&P

Em live, Lisa Schineller afirma que a agência vai monitorar medidas que serão tomadas no pós-coronavírus para o país retomar o controle das contas públicas

Anderson Figo

SÃO PAULO — Com os gastos do governo previstos para o combate à pandemia de coronavírus, o quadro fiscal brasileiro já se tornou um fator negativo para a nota de risco do Brasil na agência de classificação de risco Standard & Poor’s, assim como o impacto esperado para o PIB do país.

Em live da XP Investimentos realizada nesta quinta-feira (16), Lisa Schineller, analista para a América Latina da S&P, destacou que o aumento de gastos públicos será um efeito global na atual situação de surto da Covid-19, mas enfatizou que a agência vai olhar de perto as medidas que serão tomadas pelos governos quando isso tudo passar.

“Será preciso tomar medidas ainda mais rígidas de controle fiscal e reformas para garantir que o déficit volte a representar uma parcela bem menor do PIB”, disse. Segundo Lisa, a incerteza fiscal justifica a decisão da agência, anunciada no início de abril, de reduzir a perspectiva do rating brasileiro de positiva para estável. A nota BB-, de grau especulativo, quando há maior chance de calote da dívida externa, foi mantida.

A analista da S&P afirmou que houve uma mudança importante no cenário global, em especial nas regiões mais pobres, como a América Latina, por causa do coronavírus. “No começo do ano, todos as perspectivas de rating na região eram positivas, agora não são mais.”

A agência recentemente rebaixou o rating mexicano e colocou a perspectiva da nota de risco da Colômbia em negativa. Segundo Lisa, o Chile segue sendo o mais bem avaliado na região pela S&P, enquanto a Argentina e a Venezuela assumem as piores posições neste ranking.

Sobre o Brasil, a analista destacou que não houve corte de rating e apenas um ajuste modesto na perspectiva porque a situação do país antes da crise do coronavírus era favorável. Ela citou que houve a aprovação da reforma da Previdência, corte de gastos e que outras reformas importantes, como a tributária, estavam sendo discutidas.

“Mais cedo neste ano, a probabilidade de aprovação de uma reforma tributária chegou a ser real, não seria fácil, mas estava encaminhada. (…) Conforme o ano passa, vai ser mais difícil para o Brasil aprovar outras reformas, pois tem as eleições municipais e Rodrigo Maia vai sair da presidência da Câmara no fim do ano. Ele estava guiando bem esse processo de aprovações de reformas, é uma figura importante para isso”, avaliou.

Lisa destacou como pontos positivos para o Brasil a efetividade da condução de política monetária, com a menor taxa de juros da história brasileira, além do controle da inflação e das reservas internacionais. “Mas como a classe política vai responder depois que tudo isso passar?”, indagou.

“O Brasil no início do ano tinha tudo para entrar em um potencial ciclo virtuoso da economia. Mesmo que a dinâmica entre o Executivo os demais poderes estivesse mais complicada, havia um consenso sobre aprovação de reformas”, disse. “Agora, o país, assim como todos os outros, vai mergulhar em um déficit elevado, por isso estamos muito mais preocupados hoje do que estávamos antes sobre esse ponto.”

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.