Diversificar em tempo de incerteza coloca China como opção à Bolsa americana 

Especialistas da Nord Investimentos detalham estratégia de alocação com foco em diversificação global e cautela com o mercado local, destacando a proteção de ativos

Élida Oliveira

Bandeiras do lado de fora do Complexo Exchange Square, que abriga a Bolsa de Valores de Hong Kong, em Hong Kong, China, na terça-feira, 23 de janeiro de 2024 (Paul Yeung/Bloomberg)
Bandeiras do lado de fora do Complexo Exchange Square, que abriga a Bolsa de Valores de Hong Kong, em Hong Kong, China, na terça-feira, 23 de janeiro de 2024 (Paul Yeung/Bloomberg)

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O endividamento global pós-pandemia, a desaceleração da economia norte-americana, o crescimento em tecnologia da China e a instabilidade política com as eleições de 2026 devem entrar no radar do investidor que pensa em proteger o patrimônio em tempos de incertezas. Olhando para a macroeconomia mundial, vê-se um cenário de moedas fortes desvalorizadas, efeitos do tarifaço na inflação americana e em novos acordos comerciais, China se destacando na economia tech, e um possível risco fiscal no país.

Para Renato Breia, sócio-fundador e CEO da Nord Wealth, é preciso pensar na diversificação de investimentos considerando todos os ativos globais, para diminuir a exposição do patrimônio a todas as variantes que têm atuado em conjunto na economia.

“A abordagem clássica da alocação de ativos do Brasil é criar um portfólio muito ruim do ponto de vista da assimetria. Está todo mundo ‘comprado’ em Brasil”, afirma. “O portfólio do brasileiro tem que ter mais ativos globais do que normalmente tem”, diz Breia.

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Maior exposição internacional

Segundo Caio Zylbersztajn, sócio da Nord, a casa já mantém uma alocação internacional de 18% para clientes de alta renda – percentual acima da média do mercado –, e trabalha para aumentar gradualmente a exposição dos clientes menores, que hoje estão entre 5% e 7%.

Dentro deste contexto de diversificação, a estratégia da casa é olhar para além dos Estados Unidos, já que a Bolsa americana está com ações sobrevalorizadas, especialmente no setor de tecnologia. “A gente gosta e é otimista com o movimento de tecnologia e IA, mas a nossa grande discussão é a que nível de preço vale a pena participar disso, e achamos que o preço está muito alto”, avalia.

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Neste contexto, a recomendação é manter as ações americanas que servem de complemento às ações brasileiras, mas em patamar menor que em tempos anteriores. Essa migração de investimento, de acordo com a Nord, está indo para ativos chineses.

Mais China, menos EUA 

Zylbersztajn pontua que a Bolsa chinesa seguia, até 2015/2016, um movimento parecido com a Bolsa brasileira, beneficiando-se de commodities, e setor imobiliário. Mas, nos últimos 10 anos, a China vem fazendo investimento em tecnologia seguindo a nova economia robótica, carros autônomos, energia, eletrificação e inteligência artificial. Assim, com as ações de tech dos EUA supervalorizadas e a forte entrada da China no mercado, uma boa alternativa para os investidores é se expor a ações chinesas.

“É uma forma de se expor a essa tendência com múltiplos ativos e preços muito mais baratos. É um bom complemento para quem tá comprado em Bolsa brasileira: ter uma posição estrutural ainda em Bolsa americana, embora menor do que já foi no passado dado esses preços, e a gente complementa a saída de Bolsa americana com Bolsa chinesa para conseguir capturar toda essa tendência que deve continuar a existir”, diz Zylbersztajn.