Dirigente do Fed estima que inflação nos EUA pode estar perto do pico

Para Susan Collins, notícias sobre gargalos na cadeia de suprimentos podem ajudar a reduzir a pressão dos preços nos EUA

Estadão Conteúdo

Fachada do Fed, em Washington, nos EUA (Divulgação)

Publicidade

A presidente da distrital de Boston do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Susan Collins, estima que a inflação nos Estados Unidos está próxima ou até já atingiu o seu pico.

Durante evento da Câmara de Comércio de Boston nesta segunda-feira (26) a representante do banco central americano mencionou que alguns dos desafios “dos gargalos na cadeia de suprimentos” moderaram recentemente, o que pode ajudar a reduzir a pressão dos preços nos EUA. Ao mesmo tempo, a ação recente do Fed de elevar os juros já teria sido precificada por alguns setores da economia, como o imobiliário.

Como resultado do aperto monetário, a perspectiva aponta para um crescimento “mais lento” da economia este ano e em 2023 e um “crescimento modesto” do desemprego no país, ressaltou.

Continua depois da publicidade

“Moderar a demanda”

Susan reiterou o foco do Fed em trazer a inflação de volta à meta de 2% ao ano. Segundo ela, é missão da instituição moderar a demanda excessiva atual – em relação à capacidade produtiva dos EUA – para que os preços se estabilizem.

“Retornar a inflação à meta exigirá um maior aperto da política monetária, conforme sinalizado nas projeções recentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês)”, disse.

Embora reconheça que o aperto monetário vai causar uma taxa de desemprego maior nos EUA – atualmente, ela é de 3,7% – Susan Collins avalia que é possível atingir uma desaceleração da atividade mais moderada em meio ao aumento de juros, ainda que esta seja uma tarefa “desafiadora”.

Continua depois da publicidade

Entre as razões para esta visão, a dirigente cita que as poupanças de domicílios e empresas estão “consideravelmente mais fortes” do que em outros períodos de aperto monetário, o que “reduz o risco de redução significativa nos gastos e investimentos à medida que os juros aumentam”.

Além disso, ela avaliou que o setor privado enfrenta escassez de trabalhadores, e não excesso, o que pode ajudar o emprego enquanto o Fed comprime o crescimento.

Apesar do otimismo, Susan Collins ressaltou que há “riscos de baixa” à perspectiva econômica, em especial ao considerar o ambiente geopolítico turbulento e eventuais novos choques. Este contexto deve, inclusive, atrasar os efeitos da política monetária do Fed nos EUA, disse a dirigente, que tem direito a voto nas reuniões do Fomc este ano.